Trabalhadores protestam contra Nissan na passagem da Tocha Olímpica 

Um grupo de sindicalistas da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) protestou na manhã desta terça-feira (3) durante a passagem da Tocha Olímpica, em Brasília (DF), contra as práticas antissindicais da Nissan na fábrica do Mississipi nos Estados Unidos. Cerca de 20 trabalhadores acompanharam o trajeto, que se iniciou no Palácio do Planalto e percorreu toda a Esplanada dos Ministérios, com faixas com os dizeres "Cadê o espírito olímpico, Nissan?". 

Trabalhadores protestam contra Nissan na passagem da Tocha Olímpica - CNTM

Os metalúrgicos consideram que o símbolo do espírito olímpico não está sendo respeitado pela Nissan, uma das patrocinadoras da tocha, em função do tratamento dados aos funcionários de sua fábrica na cidade Canton, no Mississipi. Os manifestantes distribuíram panfletos com denúncias das irregularidades trabalhistas cometidas pela montadora.

A montadora tem promovido uma agressiva e sistemática campanha antissindical na fábrica com a finalidade de impedir que seus trabalhadores se organizem em um sindicato e, consequentemente, estejam habilitados a assinar um acordo coletivo. A atitude da empresa desrespeita e é uma afronta ao Código Básico da iniciativa Ética Comercial, parte central do Guia da Cadeia de Suprimentos Sustentável dos Jogos Olímpicos, segundo os trabalhadores.

Solidariedade dos brasileiros

Entidades sindicais brasileiras e internacionais já pediram formalmente ao Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016 que exija da montadora multinacional um plano de ação corretivo.

No dia 11 de abril, os trabalhadores e diversas entidades sindicais cobraram da Nissan, durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado, que respeite nos Estados Unidos o direito de os trabalhadores se sindicalizarem. A campanha antissindical em curso no Mississipi tem ganhado fôlego nos últimos meses.

Líderes e trabalhadores brasileiros sindicalizados têm mostrado solidariedade aos trabalhadores do Mississipi. A montadora é a única patrocinadora automotiva dos Jogos Olímpicos Rio 2016, mas sua conduta no Mississipi não respeita o código que estabelece critérios para patrocinadores e fornecedores do evento, ainda que no Brasil a atitude da empresa seja diferente.

O risco colocado pelas entidades sindicais é de que uma empresa global, do porte da Nissan, que terá uma exposição global com a Tocha Olímpica e os Jogos Olímpicos, sirva de mau exemplo e estimule condutas similares de outras grandes corporações que passarão a se sentir confortáveis e sem nenhum risco de punição por desrespeitar um código estabelecido para patrocinadores de Olimpíadas.