Trabalhadores das Américas: Congresso reforça defesa da democracia 

A resistência à ofensiva neoliberal nas Américas deve nortear a ação sindical no Continente que também estará voltada para a defesa das conquistas democráticas e contra os golpes parlamentares.  Essas foram algumas das resoluções do 3º Congresso da Confederação Sindical de Trabalhadores das Américas (CSA), encerrado em São Paulo, na última sexta-feira (29). 

Pepe Mujica no congresso da Confederação Sindical das Américas
O atua contexto político registra na América a derrubada dos presidentes da Guatemala e Paraguai em processos conduzidos por congressos conservadores, direitistas ou desfechados por políticos corruptos. 
No Brasil, os trabalhadores acompanham a tramitação no Senado do impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff e denunciam o programa de um eventual governo do vice-presidente Michel Temer, que se volta para a retirada de direitos históricos dos trabalhadores brasileiros.

Contra o golpe e a ofensiva neoliberal
A Agência Sindical ouviu Sebastião Soares, dirigente da Nova Central Sindical de Trabalhadores, que participou pela primeira vez de um congresso da CSA e, a partir de agora, passa a compor a diretoria (suplência) da entidade. Ele diz: “O centro das preocupações é o enfrentamento da ofensiva patronal e como evitar a aplicação do receituário neoliberal contra os trabalhadores”.
Laerte observa que, no Continente, “o sindicalismo tende a ser de esquerda e disposto a apoiar governos populares”. Daí a CSA ter divulgado, em 16 de abril, com a CSI (Central Sindical Internacional), nota “contra o golpe em andamento no Brasil”. Segundo ele, “há uma nova modalidade de golpe, engendrado por parlamentos conservadores, tomados por direitistas ou corruptos”. O Congresso da CSA aprovou resolução contra o impeachment de Dilma.
Outros temas
Sebastião avalia que o Congresso foi positivo. “Acima dos debates e de eventuais posições diferentes das entidades, paira a convergência classista na CSA”, pondera. Ele também destaca a ampliação de espaços da mulher trabalhadora na direção da entidade, o aprofundamento do debate acerca do meio ambiente nos locais de trabalho, da inclusão do negro e da proteção aos migrantes.
Laerte, que foi um dos representantes da UGT (União Geral dos Trabalhadores) no Congresso, também registra a ampliação do espaço da mulher: “Agora, são duas vice-presidentes, ambas negras”, apontando que isso é inédito na entidade.
 
Alcance do movimento sindical
Para Laerte, a organização sindical deve se aprimorar. “A CSA defende a autorreforma do sindicalismo, até para passar a representar os que não estão no mercado formal. Em muitos países da América Latina, os informais são a grande maioria da massa trabalhadora e eles não podem ficar sem representação e proteção”, argumenta.
 
Presidida pelo canadense Hassan Yussuff e com o paraguaio Víctor Báez na secretaria-geral, a CSA mantém relações próximas com líderes populares e de esquerda. O ex-presidente uruguaio Pepe Mujica foi um dos oradores do evento, que também teve participação de Guy Ryder, diretor-geral da OIT (Organização Internacional do Trabalho).