Bancada feminina se insurge contra manobra de Cunha em votação 

A bancada feminina na Câmara deu o primeiro passo para afastar Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara, na sessão plenária na noite desta quarta-feira (27), quando ocupou a Mesa Diretora e obrigou a suspensão da votação. Em mais uma de suas manobras, Cunha queria votar a criação da Comissão da Mulher, com alterações no projeto original, comprometendo as conquistas das mulheres. 

Bancada feminina se insurge contra manobra de Cunha em votação - Agência Câmara

O plenário votava a retirada de pauta do projeto que cria a Comissão da Mulher, do Idoso, da Criança e do Adolescente, da Juventude e Minorias, quando deputadas de diversas legendas ocuparam a Mesa Diretora da Câmara protestando contra a decisão de Eduardo Cunha de rejeitar o pedido e passar à votação da criação do colegiado, encerrando os debates sem considerar a posição das mulheres.

Aos gritos de “golpista”, as parlamentares contrárias à votação apressada da matéria conseguiram suspender a sessão até que um acordo entre os líderes fosse feito.

Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), Cunha passou por cima do desejo da maioria e, mais uma vez, fez valer sua vontade. “Não tivemos acesso ao relatório então solicitamos a retirada de pauta para termos mais tempo para analisar o projeto. A ampla maioria votou pela retirada. Ele rejeitou isso e decretou a continuidade do processo. Não podemos mais aceitar as arbitrariedades desse homem, que é réu no STF, que responde a processo no Conselho de Ética e recebeu propina de lobista”, afirma a parlamentar.

Golpe contra as mulheres

A deputada Luiza Erundina (Psol-SP) foi quem sentou na cadeira de Cunha, depois que ele saiu do plenário, expulso pelas mulheres. Em vídeo gravado pelo colega de partido, deputado Glauber Braga (RJ), Erundina explicou que “Eduardo Cunha quis dar mais um golpe na sessão de hoje contra nós mulheres, criando a Comissão da Mulher, sem discutir os termos da proposta, que compromete conquistas históricas da bancada feminina”.

A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) explicou que a votação da Comissão da Mulher, um projeto antigo, que vinha em discussão na Casa e na bancada feminina desde 2007, foi usada por Eduardo Cunha para negociar acordos. “Ele apresentou a proposta de criação da comissão da mulher fazendo alterações, mudando os termos e condicionantes, para introduzir o tema do nascituro que, ao final, é a alteração da possibilidade do que está previsto no Código Penal sobre a interrupção de gravidez no caso de estupro e risco de vida da mãe”, explicou, atendendo reivindicação da bancada fundamentalista.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) avalia que a atitude das mulheres demonstra que Eduardo Cunha não tem mais condições morais de presidir a Câmara. “O rei das manobras tentou manobrar a criação da Comissão da Mulher, tentor impor sua vontade, e a mulherada se insurgiu e enquadrou ele, que foi obrigado a suspender a sessão. E a partir de hoje vamos virar a página, vamos derrotá-lo. Eduardo Cunha não seguirá presidente da Câmara”, garantiu.