Futebol, Mídia e Democracia protesta contra imposição de torcida única

O coletivo Mídia, Futebol e Democracia divulgou nesta segunda-feira 925) uma nota de protesto contra a imposição por parte das autoridades paulistas da presença de apenas uma torcida em jogos considerados "clássicos" no estado.

Estádio Urbano Caldeira, do Santos, com torcida única no jogo contra o Palmeiras

Leia a íntegra da nota:

Medida já aplicada em Minas Gerais, a imposição da torcida única em clássicos ocorreu pela primeira vez em São Paulo neste domingo (24), na semifinal disputada entre Santos e Palmeiras pelo Campeonato Paulista. Entrevistados, jogadores e técnicos de ambas as equipes demonstraram tristeza com a imposição do Ministério Público e da Secretaria de Segurança Pública do governo Alckmin.

Na avaliação do Coletivo Futebol, Mídia e Democracia, a violência na sociedade brasileira não é um problema exclusivo do futebol. Assim mesmo, há um enorme leque de ações preventivas e de combate ao problema que não implicam em afastar os torcedores do estádio. Essas soluções, no entanto, parecem não interessar ao Poder Público. Como argumentaram diversos jornalistas e cronistas esportivos, a opção pela torcida única significa a falência dos órgãos responsáveis por garantir, prevenir e combater a criminalidade e os confrontos violentos relacionados ao esporte mais popular do país.

A solução 'fácil' da torcida única não só exime as autoridades de enfrentarem o problema como também materializa o projeto de extinção de determinados setores da sociedade das arquibancadas, substituindo a nossa cultura de estádio por uma realidade fantasiosa e inexistente, na qual as classes populares não têm vez.

Vale registrar que a medida ocorre no momento em que torcidas contestam o sistema e, em especial, confrontam a figura do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB-SP). O deputado estadual que ganhou fama pela sua cruzada histórica contra as torcidas organizadas, agora ocupa os noticiários (ainda que alguns meios de comunicação tentem blindar seu partido e sua figura) por denúncias contundentes de envolvimento na chamada 'Máfia da Merenda'. Afinal, quem é o bandido?

Sem direito à festa, como o uso de bandeiras e pirotecnia, a nova fase da guerra de Capez contra as torcidas inclui desde proibições exageradas e generalizadas de associados – Já cadastrados na Federação Paulista de Futebol como membros de organizadas – ingressarem com instrumentos, faixas e camisas, até batidas policiais midiáticas e espetacularizadas na sede das torcidas, exploradas intensamente pelos toscos programas policialescos da TV aberta brasileira.

Por isso, o Coletivo Futebol, Mídia e Democracia repudia veementemente a medida da torcida única, em defesa das torcidas e de um futebol democrático popular e contra a gritante falta de vontade política das autoridades em combater a violência de forma inteligente e eficaz, deixando de cumprir as funções que a sociedade em especial nós, torcedores organizados ou não, delas esperamos.