Encontro Nacional Sindical atualiza avalição sobre o momento atual

O Encontro Nacional Sindical do PCdoB começou nesta quinta (21), em Salvador, com a participação de cerca de 150 dirigentes de entidades sindicais comunistas de todo o país. 

Encontro sindical

Na abertura da atividade estiveram Nivaldo Santana, secretário nacional sindical do PCdoB, a deputada federal e pré-candidata à prefeitura de Salvador, Alice Portugal, o dirigente bancário Augusto Vasconcelos, a operária e dirigente metalúrgica Raimunda Leoni e o presidente nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, Adilson Araújo, todos membros do Comitê Central do PCdoB.

Ao abrir o evento, o anfitrião Aurino Pedreira, dirigente sindical metalúrgico, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil na Bahia e membro do Comitê Central do Partido, ressaltou o protagonismo exercido pelos comunistas na batalha recente que culminou no dia 17 de abril, momento do golpe da Câmara dos Deputados.

“Nas dificuldades e adversidades o PCdoB cresce, porque não abre mão da defesa de uma agenda que beneficie os trabalhadores. A firmeza e o protagonismo dos comunistas na resistência à onda conservadora e golpista é determinante para a luta do povo brasileiro”, garantiu Aurino.

A atualização da situação política nacional ficou sob a responsabilidade da deputada Alice Portugal, que apresentou uma avaliação criteriosa sobre as batalhas que vêm sendo enfrentadas nos últimos 13 anos, desde a ascensão das forças de esquerda, com uma coalisão de centro, ao governo federal.

Segundo a deputada comunista não há nenhum exagero em dizer que há dias que valem por anos, pois as últimas semanas, em Brasília, foram de extrema tensão. “Foram dias de absolutos conflitos, em que nós não sabíamos se iam e como iam acabar. Dias de completa anulação do poder judiciário, abonando, inclusive sua nulidade ao dar legitimidade às escutas telefônicas ilegais, largando a construção do futuro do país nas mãos de políticos corruptos, formados no berço das intrigas, do cretinismo parlamentar como elemento teórico da burguesia”, desabafou Alice.

A deputada destacou ainda que o inconformismo das urnas, após sua quarta derrota, mesmo tendo ao seu favor um equipamento poderoso de mídia, se avolumou com relações nacionais e internacionais com o foco voltado para desconstruir e derrubar o governo das forças democráticas, populares e progressistas que, nos mesmos moldes da América Latina, também se configurou no Brasil.

Para compreender o momento que estamos amargando no país, faz-se necessário avaliar que o pano de fundo é a contraofensiva neoliberal que se articula em todos os países do sul do continente. “Uma derrota do projeto popular e das forças populares, o retorno aos tempos sombrios de estigmas dos comunistas, é um retorno ao show de horrores que ficou claro no anunciado por alguns deputados que não têm nenhum pudor de defender a tortura e o assassinato dos lutadores do povo”, afirmou veemente a deputada.

Alice Portugal lembrou que para enfrentar o golpe, é preciso também ter olhar estratégico para as disputas que se avizinham e preparar nosso exército para confrontar-se com uma situação de uma eleição que não terá financiamento privado de campanha, mas que poderá ter o “esquentamento” de CPF’s para servirem de doadores de campanha.

“O golpe está tentando se legitimar aos olhos do povo como um procedimento legal e constitucional, apoiado pela propaganda golpista da grande mídia. Nós precisamos sistematizar um conjunto de iniciativas unitárias para capitanear a resistência necessária”, disse Alice Portugal. Ela lembrou diversas passagens da história brasileira para comprovar que a prática golpista está no DNA da elite brasileira.

A deputada comunista concluiu sua fala conclamando para a luta. Para ela só há duas alternativas: lutar ou lutar, reagir ou reagir.

Em seguida, o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia e membro do Comitê Central do PCdoB, Augusto Vasconcelos, fez uma exposição, onde explicou pontos do programa do PMDB, intitulado “Ponte para o Futuro”. Vasconcelos iniciou sua fala alertando os presentes dos riscos para os direitos trabalhistas que representa o programa que Michel Temer pretende implementar, se o golpe se consolidar no país.

Vasconcelos destacou pontos do programa peemedebista, como a proposta de mudança na política externa brasileira, negociando acordos comerciais com os Estados Unidos, Europa e Ásia, com ou sem a participação no Mercosul. Também chamou a atenção para o ponto que trata da privatização “do que for necessário”, promovendo o enxugamento do Estado e a volta do regime de concessões na área do petróleo, ao invés do regime de partilha.

No que diz respeito aos direitos trabalhistas, Augusto Vasconcelos destacou a proposta do programa do PMDB, onde haveria a prevalência do negociado sobre o legislado, ou seja, rasga as Leis de proteção aos direitos dos trabalhadores e precariza, ainda mais, as relações de trabalho. Ainda, no que diz respeito às conquistas sociais e trabalhistas, a proposta de reforma previdenciária que Temer tem a pretensão de implementar, aumentaria ainda mais a idade mínima para aposentadoria dos trabalhadores.

Augusto também destacou os pontos que o PMDB propõe acerca da reforma fiscal, onde o que está colocado é a obtenção de superávit primário capaz de cobrir as despesas de juros que, segundo o sindicalista, trata-se da tentativa de explicar os juros altos por causa da inflação.

O programa afirma que o Brasil gasta muito com políticas públicas, numa sinalização clara de que as conquistas sociais que mudaram a vida de milhões de brasileiros nos últimos 13 anos, estão seriamente ameaçadas. “A economia do país não é uma ciência exata. Ela não está pautada nos números matemáticos, mas na convicção ideológica e na opção política que se propõe”, destacou Augusto.

O encontro segue até amanhã. Nivaldo Santana, Secretário Nacional Sindical do PCdoB, conduz o encontro que na sequência do debate abordará a situação do movimento sindical e a luta pela hegemonia, onde os comunistas discutem as táticas para o crescimento da corrente de concepção classista no movimento sindical brasileiro.

De Salvador,
Sônia Corrêa