Economistas se negam a compor eventual governo Temer

A ampliação da percepção de que o país vivencia um golpe contra a democracia tem dificultado as articulações do vice-presidente Michel Temer. As confabulações para derrubar a presidenta e formar um "governo de notáveis" têm esbarrado em um dificuldade: ninguém parecer querer se comprometer com um eventual governo ilegítimo.  

Armínio Fraga

O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB e aliado de Temer no impeachment, afirmou nesta terça (19), que o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga recusou convite do vice para ocupar o Ministério da Fazenda, caso Dilma Rousseff venha a ser impedida de concluir o atual mandato.

Outros nomes foram mencionados para ocupar o comando da equipe econômica, como o de Murilo Portugal, atual presidente da Febraban; do senador José Serra; de Marcos Lisboa, que comanda o Insper; e do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.

Segundo coluna de Mônica Bérgamo na Folha de S.Paulo, contudo, Lisboa também esquivou-se da missão. Segundo a jornalista, que reproduz o que afirma um senador, ele está "hiperpessimista". 

Ex-secretário de política econômica de Antonio Palocci, Lisboa teria dito que "só um governo 'respaldado pelo voto' teria força para aprovar as medidas drásticas que, na visão dele, consertariam a economia do país". 

Em carta enviada à Folha, Aécio Neves afirmou que o seu partido não indicará nomes para uma eventual gestão de Dilma. "A posição do PSDB é única: o partido não fará indicação de nomes para ministérios e, sobretudo, não decidirá pelo apoio a um novo governo a partir de cargos que venha a ocupar".