Dia seguinte – novo patamar da luta: unidade de democratas e patriotas

Há momentos na vida de uma nação em que a consciência política do povo move-se aos saltos. 

Por José Carlos Ruy  

Protesto antigolpe em Brasília

 

Os últimos tempos foram, no Brasil, momentos desse tipo, nos quais dias ou semanas valeram pelo aprendizado de anos.
 
Sobretudo este domingo (17), quando o país assistiu, atônito, à aprovação pela Câmara dos Deputados do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. 
 
A mídia hegemônica, golpista (aliada ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, réu no STF em processo de corrupção) criou um clima de final de Copa do Mundo, ou de eleição indireta de um presidente da República.
 
O aprendizado político é árido, e percorre o caminho difícil de ligar assuntos triviais do cotidiano (como o acesso a uma universidade, ou um prato de comida na mesa) a decisões tomadas pela alta cúpula política da nação, onde são adotadas decisões que afetam a vida de todos os brasileiros. 
 
A consciência política é aquela que permite ao cidadão compreender como decisões do governo afetam diretamente o direito ao trabalho, o emprego, a renda e também a igualdade de todos nas várias esferas da vida.
 
O aprendizado destes últimos 13 anos teve esse sentido – todos os brasileiros são iguais perante a lei, todos têm igual oportunidade aos benefícios que surgem do trabalho de todos.
 
Em todos os séculos anteriores da história brasileira o pais foi governado em benefício de uma minoria. Nestes anos, o governo voltou-se para todos, com grandes alterações nos hábitos políticos e sociais no país.
 
O que esteve em julgamento neste domingo (17) quando a Câmara dos Deputados votou a admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff, foram estes dois modelos de país e de sociedade. É o que esteve realmente em jogo – um Brasil para todos, que aponta para o futuro, ou o velho, anacrônico e elitista país do passado. Um Brasil que atenda às necessidades de todos, ou aquele voltado apenas para os interesses de uma minoria privilegiada.
 
O Brasil saiu daquela votação estratégica diferente daquele que entrou nela. Os brasileiros aprenderam, nas ruas e na luta a defender e exigir a defesa da Constituição e da legalidade. E não vão abrir mão das conquistas alcançadas que, nestes poucos 13 anos, ultrapassou em muito aquilo que o povo conseguiu em séculos de história, ou mesmo em cem anos de história republicana.
 
O povo aprendeu também o sentido estratégico que a unidade entre os que defendem o Brasil e a democracia tem para a causa do avanço social, do progresso, , dos interesses do povo e da nação. Unidade do povo que cria as condições para o fortalecimento da ampla frente democrática que tenha em seu centro as forças da esquerda política e social, dos partidos (como o PCdoB, PT e PDT) e os movimentos sociais. Frente cuja perspectiva política seja a conquista de novos e maiores direitos aos brasileiros, e a defesa da nacionalidade. 
 
O país amanheceu diferente neste dia 18. Mudou, do ponto de vista político e social. A situação mudou. As forças democráticas, patrióticas e avançadas alcançaram um novo patamar em sua luta, que não terminou neste domingo, mas lança-se em novas condições. Novas condições para a unidade e para a exigência de um programa avançado que beneficie a todos os brasileiros. A luta continua! Dilma fica!