Hipocrisia: Marido citado por deputada como exemplo é preso

A deputada Raquel Muniz (PSD-MG) foi protagonista neste domingo (17) de um dos votos mais acalorados pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Ao proferir seu voto, elogiou o marido, Ruy Adriano Borges Muniz, prefeito de Montes Claros (MG), e o citou como exemplo de que “o Brasil tem jeito”. Mas, no dia seguinte, a notícia da prisão do prefeito nos instiga à reflexão de quanto dos discursos proferidos pelos deputados revelam uma hipocrisia cada dia mais exaltada pela sociedade brasileira.

Deputada Raquel Muniz
Um dos assuntos mais comentados na votação do processo do impeachment foi o tom dos discursos falsos e sem conteúdo político proferidos pelos deputados na Câmara. Mais da metade dos deputados federais que usaram a justificativa da “corrupção do PT” ou “da irresponsabilidade da presidenta Dilma” está de alguma forma envolvida com a Justiça, muitos até já foram condenados, levantando assim um quadro de preocupação da sociedade com a escolha de seus representantes no parlamento brasileiro.

Falso moralismo

Sem falar do condutor de todo o processo de impeachment da presidenta Dilma na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha – que é réu sob a acusação de envolvimento em corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato. O falso moralismo dos deputados fica evidente também no caso da deputada Raquel Muniz. Após dedicar o seu voto, citando cada um dos seus familiares, como filhos, netos, mãe, a deputada usou a gestão de seu marido como um modelo a ser seguido. “O meu voto é pra dizer que o Brasil tem jeito, e o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com a sua gestão”, afirmou na justificativa do seu voto.

O marido da deputada é o prefeito de Montes Claros (MG), Ruy Adriano Borges Muniz, que foi preso pela Polícia Federal em Brasília, na manhã desta segunda-feira (18), na operação Máscara da Sanidade II – Sabotadores da Saúde, é investigado por crimes de falsidade ideológica majorada, dispensa indevida de licitação pública, estelionato majorado, prevaricação e peculato. O prefeito, segundo a PF, usava de meios fraudulentos para inviabilizar o funcionamento de um hospital público e favorecer o hospital que pertence a ele e seus familiares.

Abaixo o vídeo do discurso da deputada: