A luta continua, dizem parlamentares do PCdoB sobre impeachment

O sentimento que prevaleceu entre aqueles que votaram contra o golpe aprovado na noite deste domingo (17) contra a presidenta Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados, é de que a luta apenas começou e que, no Senado, que vai votar o impeachment, existem chances dele ser barrado. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB -AM) foi uma das primeiras a se manifestar sobre o assunto quando a votação alcançou os 342 votos necessários para a vitória golpista. 

A luta continua, dizem parlamentares do PCdoB sobre impeachment - Agência Câmara

“Não estamos encerrando uma luta, estamos apenas iniciando a guerra, que será longa, para que possamos vencer no Senado e garantir a democracia e o mandato de uma pessoa que foi eleita democraticamente e contra quem não tem nenhuma denúncia”, disse a senadora em vídeo postado nas redes sociais para explicar ao povo brasileiro o que está ocorrendo no Congresso.

Segundo ela, “eles querem retirar a presidenta para aplicar a política de retrocesso dos direitos dos trabalhadores e acabar com a apuração da Lava Jato”, conclamando que “vocês, trabalhadores, mulheres, gente jovem, retomem as ruas, se organizem, porque no Senado nós temos condições de vencer e não permitir o golpe e o retrocesso.”

A fala da senadora foi seguida pelos deputados que saíam do plenário, onde ainda restavam alguns deputados votando, mas com o resultado já consolidado. A deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), presidenta nacional do Partido, explicou que “nós perdemos uma batalha, mas não perdemos a guerra, ainda teremos a admissibilidade no Senado e o julgamento do mérito”.

“Com a elevação da consciência democrática, a indignação por esse resultado vai aumentar a disposição de luta do povo brasileiro, que vai se revelar cada vez com mais força e vai garantir essa pressão para no Senado barrar esse golpe contra a presidenta Dilma”, afirmou.

Lado certo

O líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), reforçou a fala das parlamentares comunistas. “Hoje é um dia que vai ser lembrando como o dia em que a democracia e a Constituição estão sendo violentados. Prevaleceu a manobra e a pressão e a espécie de manada que alguns anunciaram, com muitos seguindo aquela tendência da vitória, com a traição de alguns setores que assumiram compromisso e ficaram do outro lado.”

“Nós estamos do lado certo, do lado da justiça e das vozes que estão na rua clamando por democracia, por mais liberdade. Nosso partido agiu com coragem e determinação e se manteve unificado e leal aos compromissos históricos”, afirmou o líder comunista, para em seguida destacar que “não levamos essa batalha, mas a luta continua, porque temos convicção de que o Brasil precisa dos seus filhos que defendem a democracia”.

Daniel Almeida reforçou a conclamação feita pela senadora Vanessa. “A conclamação que faço a todos é que nós vamos para as ruas, onde obtivemos o maior apoio dos programas sociais que o país alcançou. A defesa da democracia precisa cada vez mais ser feita e precisamos do apoio de vocês. A luta continua”, concluiu.

Para a deputada Jô Moraes, essa mobilização tende a crescer porque “eu tenho a convicção que o povo brasileiro percebeu a fraude jurídica conduzida por pessoa denunciada e por alguém que não merece mais o título de político desse país”, disse em referência ao presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o vice-presidente Michel Temer, que se aliaram em um golpe para derrubar a presidenta Dilma e assumir o poder máximo do país sem se submeter ao escrutínio popular.