Mídia golpista perde credibilidade e vê poder questionado

Quanto mais se aproxima o dia da votação do impeachment no plenário da Câmara dos Deputados, no próximo domingo (17), mais as ações em defesa da democracia questionam a grande mídia. Globo, Veja e Estadão estão sendo desmascarados como agentes do golpe contra a presidenta Dilma e pela incitação à onda de intolerância no país. Antes onipotente, a grande mídia vê sua credibilidade questionada.

Por Railídia Carvalho

Rede Golpe de Televisão midia golpista
“Estou chocado com a mídia aqui. Como as Organizações Globo, Veja, Estadão, estão tão envolvidos no movimento contra o governo, defendendo os partidos da oposição. Eles fingem ter imparcialidade, mas na realidade, agem como a principal ferramenta de propaganda”, declarou o jornalista americano que reside no Brasil, Glenn Greenwald, durante entrevista com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os portais BBC Brasil, New York Times e El País também fizeram menção ao tratamento jornalístico da imprensa nacional, que omite fatos, como o de que Dilma é a única entre os envolvidos que não tem nenhum vestígio de envolvimento com corrupção, enquanto que aqueles que conduzem o impeachment contra ela acumulam processos por crimes como lavagem de dinheiro e corrupção, e são blindados pela imprensa corporativa.
Democratização da mídia
À medida que crescem os movimentos em defesa da democracia, também aumentam os debates, reflexões e protestos que trazem como tema o papel da mídia no golpe em curso no Brasil e a democratização da comunicação. Sem contar as campanhas em redes sociais, banners, memes e toda sorte de material visual denunciando as mentiras e manipulações da rede globo e veículos parceiros.
Nos acampamentos instalados em Brasília, em vigília pela votação do impeachment, coletivos de movimentos sociais têm realizado debates e atos, como o que aconteceu na segunda-feira (11) em frente à sede da rede Globo, em Brasília, que reuniu duas mil pessoas. 
Em março, em São Paulo, a Frente Povo Sem Medo reuniu 30 mil pessoas que saíram em marcha do Largo da Batata para protestar em frente à sede da rede Globo na zona Sul de São Paulo. No dia 8 de abril o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo realizou ato em sua sede denunciando o golpe e ressaltando o papel do monopólio da grande imprensa como um dos principais desafios a serem enfrentados no Brasil. 
No dia 9 de maio acontecerá em São Paulo mais uma atividade sobre o papel da mídia no Brasil que faz parte do ciclo de debates Que Brasil é este?, promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
O poder da Globo e o show do impeachment 
A jornalista carioca Hildegard Angel, que tem mais de quarenta anos de carreira na profissão, afirmou que é triste constatar essa situação de monopólio e dominação por um grupo de comunicação. Hildegard participou na segunda-feira (11), em São Paulo, de um debate sobre “Democracia e Sistema Político”. 
“No Rio de Janeiro você não pode exercer qualquer profissão que exija visibilidade se você não estabelecer um nível de parceria ou conivência com a Globo. Eles dominam a museologia, o patrimônio, os quiosques da praia. Você não estar em um estado de simpatia com a globo é estar morto”, afirmou Hildegard.
 
O jornalista e presidente do Barão de Itararé e ativista dos movimentos pela democratização da comunicação, Altamiro Borges, disse que a Globo – em conluio com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB) – começou cedo os preparativos para o que ele chamou de o “show do impeachment” em artigo publicado nesta quinta-feira(14) no Portal Vermelho.
“O objetivo é criar um clima de já ganhou, levando os "midiotas" às ruas para constranger os deputados na hora do voto. A emissora inclusive anunciou que vai alterar sua grade de programação. Até os horários das partidas de futebol estão sendo mudados por pressão do império global”, escreveu Miro.
 
Caindo em descrédito

Os efeitos do poder da mídia, no entanto, parecem não ter surtido efeito sobre alguns dos pesquisados pelo instituto Data Folha em levantamento divulgado no dia 9 de abril. O ex-presidente Lula, que tem sido alvo de campanha difamatória sistemática pelos grandes meios de comunicação, subiu nas intenções de voto para as eleições presidenciais de 2018.
Do outro lado, os tucanos, blindados pela imprensa, despencaram nas intenções de voto. Da mesma forma o vice Michel Temer (PMDB), que até divulgou discurso de posse em lugar de Dilma, segue desprestigiado. No mesmo levantamento Lula é apontado por 40% dos que participaram da pesquisa como o melhor presidente que o Brasil teve.
O resultado da pesquisa Datafolha certamente foi divulgado a contragosto pelos Frias, que fazem parte de uma das sete famílias que dominam a comunicação no Brasil. Talvez menos pela decadência tucana e mais por confirmar que a credibilidade da grande mídia está sendo colocada em xeque.