Renato Rabelo assume Presidência da Fundação Maurício Grabois

A partir deste primeiro de abril de 2016, o ex-presidente do PCdoB por mais de 13 anos, Renato Rabelo, é o novo presidente da Fundação Maurício Grabois.

Renato Rabelo

O nome de Renato Rabelo, assim como dos demais integrantes do corpo de direção da Fundação (confira a composição completa abaixo) foram indicados pela Comissão Política Nacional do PCdoB e eleitos pelo Conselho Curador da Fundação Maurício Grabois.

Adalberto Monteiro que presidiu a Fundação desde quando foi instituída em 2008, até março de 2016, continuará como membro da direção da Fundação, na função de Secretário-Geral da instituição. Ele avalia que o comando de Rabelo deve agregar ao avanço de construção e consolidação da entidade.

“A Fundação, agora sob a Presidência de Renato Rabelo, – liderança política de largo prestígio na esquerda e no campo político democrático e progressista do país -, com certeza, ganhará um novo impulso no seu processo de construção”, declarou Monteiro.

Trajetória de lutas

Renato Rabelo nasceu em 1942, em Ubaíra, interior da Bahia. Sua militância teve início no movimento estudantil, quando ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia. Neste período, integrou a Juventude Universitária Católica (JUC), e, logo após, a Ação Popular (AP). Em 1966, foi eleito vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Participou ativamente da luta de oposição à ditadura militar, tendo ingressado no Partido Comunista do Brasil (PCdoB), em 1972. No exílio, viveu em Paris.

No final de 1979, com a Anistia, retorna ao Brasil e realiza intenso e ininterrupto trabalho na construção orgânica e ideológica do Partido, como membro de seu Secretariado. No 10o Congresso do PCdoB, em 2001, por indicação de João Amazonas, líder histórico dos comunistas, Rabelo foi eleito presidente da legenda. Participou das coordenações das cinco campanhas de Lula, desde 1989, e também das campanhas da presidenta Dilma Rousseff. No segundo mandato do presidente Lula, passou a integrar o Conselho Político do Governo da República.

Na gestão de Renato Rabelo à frente do PCdoB se destacam, entre outras realizações, o Programa Socialista, que representou uma importante atualização do pensamento programático dos comunistas brasileiros. Já com o documento “PCdoB 90 anos”, o Partido fez uma nova síntese de sua própria trajetória histórica, corrigindo abordagens parciais, até então existentes.

Em maio de 2015, ressaltando a confiança nas novas gerações de militantes revolucionários, Renato Rabelo deixou a Presidência do PCdoB, tendo sido eleita, para substituí-lo, a deputada federal Luciana Santos (PE).

Em declaração ao Portal Grabois, Rabelo ressaltou as realizações fundamentais da Fundação, nesses oito anos, e apontou o desafio da instituição na atualidade, ao focar no desenvolvimento de uma teoria revolucionária, “procurando construir uma alternativa consequente e viável para o tempo em que nós vivemos”.

Leia abaixo a íntegra da declaração, constante do vídeo, e conheça a lista com a nova direção da Fundação Maurício Grabois:

“A Fundação Maurício Grabois atingiu um patamar elevado na sua contribuição a ideias progressistas, avançadas, ideias baseadas em autores revolucionários, não só da época de Marx e Lênin, que têm grande interesse para nosso partido, como os autores do século XX e XXI. Portanto, já é um patamar de uma contribuição importante, assim considero.

Um outro aspecto também, é a atividade muito intensa que teve a Fundação, com realização de seminários, simpósios, mesas redondas, etc, sobre vários temas candentes, em parceria até mesmo com fundações de outros partidos, e instituições vinculadas às universidades e outras, tendo em vista, apresentar temas importantes na época atual.

Além disso, eu quero registrar que a Fundação deu uma importante contribuição no período de discussão e preparação do nosso programa de 2009, dando uma contribuição importante à direção do partido, nesse sentido. Foram dois anos de um debate dentro e fora do PCdoB.

Além do mais, hoje, a Fundação tem se dedicado a um trabalho que eu considero essencial. Esse trabalho de resgate e documentação da memória do PCdoB, um partido que caminha para um centenário de existência. Esse resgate é fundamental até mesmo para compreender, não só a história e a contribuição desse partido na história recente brasileira, mas como também o papel que ele teve na história do Brasil, questão que abordamos quando comemoramos os 90 anos do Partido.

A Fundação Maurício Grabois tem, também, editado vários títulos. São mais de 50 títulos, já, num trabalho importante, que antes nós não tínhamos condições de chegar a tanto. E isso é uma documentação fundamental para o nosso trabalho, não só politico, mas até de construção partidária.

Portanto, a Fundação Maurício Grabois atingiu, como eu disse, um patamar novo, que exige o desenvolvimento disso tudo. O que eu penso, é que os desafios atuais envolvem não só desenvolver esse trabalho, mas colocar um foco na atividade da nossa Fundação. Foco esse que deve se destinar a enfrentar o que eu considero ser o grande desafio da época atual, que é o desenvolvimento de um pensamento revolucionário, o desenvolvimento de uma teoria revolucionária, procurando construir uma alternativa consequente e viável para o tempo em que nós vivemos. Eu considero até que a questão central, hoje, é a questão da alternativa. A alternativa de como superar o capitalismo, a alternativa que visa a construção de um nova sociedade. Esse desafio continua o século XX, tirando lições do passado, e procurando, com base nessas lições, apreender as particularidades da nossa época, para que a gente possa efetivamente dar continuidade a isso que nós chamamos de uma nova luta pelo socialismo. Então, esse eu considero que é um trabalho fundamental.

Para isso, como sempre fez aqueles revolucionários marxistas e até mesmo o pensamento mais avançado, é que se deve partir das ideias consideradas mais atuais e que têm um papel importante na atualidade. Nós não vamos partir de ideias superadas, que já não têm o seu papel. É a capacidade de descobrir que ideias candentes são essas para a época em que nós vivemos. Nós temos que partir daí, em todos os terrenos.

Por exemplo, no terreno da ciência, o desenvolvimento das ideias revolucionárias não pode abstrair a realidade do desenvolvimento da ciência, em todos os campos. Não só no terreno das ciências da natureza, mas também das ciências sociais. No amplo conhecimento, portanto, que a ciência pode trazer para nós. Ela se tornou muito vasta.

Um pensamento avançado, que visa construir uma sociedade mais avançada que o capitalismo, tem que se basear na ciência e no desenvolvimento da ciência. Portanto, não é um trabalho que depende só de um partido, que depende só da nossa Fundação. Por isso que a gente visa sempre um debate amplo, um debate que a gente pode contar com as contribuições das mais variadas e, aliás, a Fundação tem procurado fazer isso.

Então, essa é a tarefa maior, e a tarefa, portanto, em que a Fundação pode dar uma grande contribuição.”


Confira a composição completa da nova direção :

Diretoria Executiva:

· Presidente – José Renato Rabelo

· Secretário-Geral – Adalberto Alves Monteiro

· Diretor Administrativo e Financeiro – Leocir Costa Rosa

· Diretora de Formação – Nereide Saviani

· Diretor de Comunicação e Publicidade – Fábio Palácio de Azevedo

· Diretor de Temas Ecológicos e Ambientais – Luciano Rezende Moreira

· Diretora de Políticas Públicas – Rubens Diniz Tavares

· Diretor de Cultura – Francisco Ulpiano Javier Alfaya Rodriguez

· Diretor de Estudos e Pesquisa – Aloísio Sergio Rocha Barroso.

Conselho Fiscal:

· André Bezerra Rodrigues (Presidente)

· Pedro de Oliveira

· Julia Maria Santos Roland

Conselho Curador:

· Augusto César Buonicore (Presidente)

· Altamiro Afonso Borges

· Ana Maria Prestes Rabelo

· Eustáquio Vital Nolasco

· Nivaldo Santana

· José Carlos Ruy

· Maria do Socorro Jô Moraes Vieira

· Elisangela Lizardo de Oliveira

· Walter Natalino Sorrentino