PCdoB-RS presta solidariedade a Manuela e Jussara Cony

"Não houve nenhum centavo proveniente da empresa Odebrecht na nossa campanha para a Prefeitura de Porto Alegre, em 2012". Com esta frase taxativa, o presidente estadual do PCdoB no RS, Adalberto Frasson, abriu a plenária de mobilização da militância comunista, realizada na noite desta quarta-feira (23) no centro de Porto Alegre.

Frasson referia-se à lista de políticos encontrada entre documentos da empresa Odebrecht que fora divulgada intensamente durante o dia pela imprensa. Nela constam os nomes da deputada estadual Manuela D'Ávila e da vereadora de Porto Alegre, Jussara Cony. A própria deputada Manuela concedeu entrevista coletiva e publicou vídeo na internet onde rebate a suposta acusação. Jussara publicou nota na qual afirma jamais ter recebido recursos da empresa em suas campanhas.

Frasson considerou irresponsável e absurda a informação porque, segundo ele, que foi coordenador da campanha de Manuela à Prefeitura em 2012, não houve nenhum recurso da empresa citada na campanha."Somente em 2010 ocorreu doação de uma empresa do grupo ao partido, a Brasken. Esta doação, de 80 mil reais, está registrada. Foi absolutamente legal", disse.

Para Frasson, a divulgação de uma lista como esta, sem qualquer comprovação, contribui negativamente num cenário já conturbado. Serve para gerar fatos que criminalizam a política e para encobrir os malfeitos dos verdadeiros corruptos que hoje posam de "vestais" da ética e tentam impor um golpe no Brasil.


Não bate 

Manuela, em coletiva à imprensa, mostrou a inconsistência da suposta doação. Segundo a deputada, pode ser que a empresa tenha cogitado doar para a sua campanha – talvez por isso constassem números em planilhas – mas, em um documento com data de setembro de 2012, quando já estava prevista a sua derrota na eleição, os mesmos documentos dizem que nada fora doado para o PCdoB do Rio Grande do Sul.

Por meio de sua conta no Facebook, Manuela declarou: "Sou a maior interessada em conhecer esse material divulgado pela imprensa. Para isso, irei requerer judicialmente acesso à documentação para ter acesso às informações; recebi em todas as minhas campanhas contribuições de empresas, essa era a lei brasileira nas eleições de 2004, 2006, 2008, 2010, 2012 e 2014. Todas as doações que recebi foram lícitas, todas as prestações de contas foram aprovadas. Entretanto, NÃO RECEBI DOAÇÃO DE NENHUMA EMPRESA DO GRUPO ODEBRECHT PARA A CANDIDATURA DE 2012”

A vereadora Jussara Cony também foi enfática. Em nota, afirmou que todas as doações que recebeu, bem como suas prestações de conta, foram registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral desde quando concorreu pela primeira vez em 1982. Além disso, a vereadora enfatizou que "nunca solicitou recursos para campanhas eleitorais à Odebrecht”.

Para ela, o vazamento de tal lista sem que tenha havido nenhum tipo de apuração "é um grave atentado aos direitos individuais, uma ação que apenas contribui para dar continuidade ao processo de criminalização da política.”

O prefeito José Fortunati e o deputado estadual Adão Villaverde (PT), que também concorreu em 2012 à Prefeitura de Porto Alegre, se manifestaram afirmando a legalidade das doações recebidas e negaram veementemente ter recebido repasses da empresa.

Documentos duvidosos

Causou estranhamento entre os comunistas a divulgação de planilhas pouco esclarecedora e cujo teor não foi apurado, o que causou especulações e pré-julgamentos incompatíveis com as regras democráticas e jurídicas.

"Os documentos, segundo os próprios investigadores, não deixam claro a que se referem os valores que acompanham cada nome. Existe a possibilidade de serem valores relativos a intenções de doação eleitoral, doações efetivamente realizadas e registradas nas campanhas e diversas outras hipóteses, inclusive de serem papeis forjados para agravar a crise política”, apontou a deputada federal Luciana Santos (PCdoB-PE), presidenta nacional do partido, por meio de nota.

Além disso, Luciana disse que o partido espera "que o Judiciário brasileiro tome iniciativas para desfazer o clima de suspeição generalizada que só serve para agravar ainda mais a campanha de criminalização da política em curso no país".