Ato em defesa da democracia reúne milhares em São Luís

O centro de São Luís pintou-se de vermelho na tarde desta sexta-feira (18). Acompanhando o resto do país, onde aconteceu manifestações populares simultaneamente, milhares de pessoas ocuparam a Praça Deodoro, na Ilha Rebelde, em defesa dos direitos sociais e da democracia. Em um grito coletivo, e de forma pacífica, garantiam: o Impeachment não é a solução, e exigiam o respeito da Constituição Federal.

São Luís - Manifestação

Espontaneamente as pessoas ocuparam a Praça Deodoro, que já foi palco de protestos históricos e que mudaram os rumos do país, como a luta contra a Ditadura Militar de 1964, a favor das Diretas Já e pela redemocratização do Brasil. Desta vez, a população reúne-se pela manutenção da Democracia, que julgam estar em risco, com a possibilidade da retirada da presidenta Dilma Rousseff, eleita pelo voto popular em 2014.

Estiveram na manifestação de São Luís adultos e jovens, apartidários e militantes políticos, pessoas ligadas aos diferentes movimentos sociais, como LGBT, Pessoa Idosa, Pessoa com Deficiência, Criança e Adolescente, Mulher, Juventude, Igualdade Racial e Povos Indígenas. Uma união da diversidade, pedindo respeito ao voto e enxergando que a retirada arbitrária da presidente representa um golpe claro, movido pelos setores conservadores da sociedade.

Para o presidente estadual do PCdoB, Márcio Jerry, o ato na Praça Deodoro, palco de lutas históricas, representa a força da luta pela manutenção da democracia. “Sinto-me gratificado em estar em tantas e tão boas companhias na defesa de algo tão essencial que é a democracia. Retroceder, jamais!”.

Integrante da Central de Movimentos Populares, Carlito Reis, acredita que o movimento desta sexta-feira, observado em todo o país, mostra a força do povo, aguerrido pela defesa dos direitos sociais que foram alcançados nos últimos anos. “A gente sempre entendeu que só com a força e a luta é possível resistir à investida da direita, que vai além da defesa de um mandato ou de um cargo. O que está em jogo são nossos direitos sociais, conquistados com a Constituição”, defendeu Carlito.

A estudante Jaine Santos, ainda muito jovem, não experimentou os anos repressão que o país viveu em tempos de ditadura militar, mas teme que, com a consolidação do impeachment, possa estar chegando um momento de grande retrocesso político e social.

“Passamos muito tempo nos organizando e lutando para conquistar mais direitos, direitos para o protagonismo juvenil e, simplesmente, hoje temos uma bancada da direita, conservadora, no Congresso e no Senado, que quer acabar com todos os direitos conquistados”, destacou a estudante, lamentando as manobras políticas que deputados e senadores de oposição fazem para retomar o poder.

A presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Adriana Oliveira, por reconhecer os avanços e direitos que a classe trabalhadora desenvolveu, assegura que as ruas serão ocupadas enquanto estiver ameaçada a gestão presidencial. “É um momento muito importante e especial porque as pessoas precisam estar na rua para dizer não ao golpe. Não vai ter impeachment. Estamos aqui para dizer que não vamos aceitar de maneira nenhuma. Não vamos sair das ruas, porque não aceitamos que um juiz seja maior que a Justiça”, garantiu a líder da CUT.

Legalidade

Presente na manifestação na Praça Deodoro, o professor de Direito, Mário Macieira, alertou sobre a legalidade do impeachment da Presidente. “Do ponto de vista jurídico, é claro que não existe elemento para o impeachment. Não existe um crime de responsabilidade que possa ser atribuído à presidente, isso é claro. E o pedido de impeachment formulado perante a Câmara, aceito pelo Eduardo Cunha como clara retaliação à Dilma é um pedido sem fundamentação jurídica para tirá-la do mandato que conquistou com a vontade soberana do povo”, explicou Mário.

Segundo ele, outro aspecto preocupante do pedido de impeachment – além da própria manobra política que está sendo articulada – é a forma que a Justiça está conduzindo um processo que viola o principio da imparcialidade do Poder Judiciário. “Um aspecto que também preocupa é a partidarização do Judiciário no Brasil, que está sendo conduzido de maneira claramente parcial, contra um partido, contra um Governo, contra as lideranças de esquerda do país e fazendo de conta que não ouve e não vê as delações que atingem as lideranças de outros partidos”, relatou o advogado.

Também estiveram presentes no movimento, em São Luís, militantes do PCdoB, PT e PSOL, de movimentos sociais como Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), CUT, União Nacional dos Estudantes (UNE), UBES, UJS, Fetaema, Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), MST.