García e Humala trocam acusações em debate

Os dois candidatos à Presidência do Peru, o social democrata Alan García e o nacionalista Ollanta Humala, realizaram ontem, domingo (21), em Lima um debate tenso e carregado de acusações mútuas, no único embate direto entre os d

A transmissão do debate começou 15 minutos depois do previsto sem Humala, que chegou atrasado. O moderador, o jornalista Augusto Alvarez, deu início à apresentação com García sozinho no palco. Minutos depois, enquanto ele lia as regras estabelecidas para o debate, Humala entrou no auditório, no Museu de Arqueologia de Lima.

O atraso de Humala virou ponto de pauta. Em sua primeira intervenção, García fez questão de frisar o atraso do rival, dizendo que era uma "falta de respeito" com o público e os meios de comunicação chegar com 20 minutos de atraso, exagerando portanto sua afirmação em cinco minutos.

Na réplica, o nacionalista acusou os seguidores de García de terem dificultado seu acesso ao local. "Os simpatizantes 'apristas' (do Apra, de García) nos deram as boas-vindas", disse irônico. Imediatamente, o ex-presidente o desmentiu, falando que na verdade Humala "estava comendo um lanche no bar Queirolo, como comprovaram alguns jornalistas".

A tensão aumentou quando o moderador pediu a Humala que retirasse uma mini-bandeira do Peru que havia colocado em sua mesa, lembrando que era proibido o uso de qualquer elemento visual durante a emissão. Humala se negou e disse ao jornalista: "Eu não vou retirá-la, em todo caso, se o senhor quiser, retire-a ".

Daí em diante, os candidatos falaram sobre uma série de temas. Humala, que se apresentou seguro e relaxado, insistiu nos problemas da administração anterior de García (1985-1990), que é repleta de denúncias de corrupção. Ele também pediu três vezes que García definisse sua posição em relação ao Tratado de Livre Comércio (TLC) que o Peru assinou com os Estados Unidos e que agora deve ser votado pelos Congressos dos dois países. García não respondeu.

O ex-presidente tentou fazer um debate mais superficial concentrando-se apenas nas propostas. "O nível do debate está caindo, senhor moderador", queixou-se García na metade da discussão. Ele acusou Humala de ter "se beneficiado de 300.000 dólares em suas funções como agregado militar em Paris e Seul durante o atual governo do presidente Alejandro Toledo".

As propostas mais sérias, segundo a imprensa internacional, foram apresentadas por Humala, como a nacionalização da riqueza do país em minérios e a mudança do modelo econômico. "Em um país com grande crescimento como o Peru, índices como o PIB e o crescimento não refletem a realidade econômica e, sim, ocultam as diferenças", disse Humala, referindo-se às riquezas naturais do país. Entre outras coisas, o nacionalista também defendeu a redução de 30% nos preços dos combustíveis.

O ex-presidente García destacou que uma política como a proposta por seu rival espantaria os investidores estrangeiros. Em seguida, disse que é plausível pensar na redução dos preços dos combustíveis, mas não é realista falar em baixas de tal grandeza.

Apesar do apoio não oficial, o candidato aprista deve receber a migração dos votos da candidata de ultra-direita Lourdes Flores no primeito turno. Segundo as pequisas mais recentes, García está na liderança da disputa com uma diferença de cerca de dez pontos percentuais. Há denúncias de fraude nas sondagens. A eleição será observada por representantes da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Da Redação
Com agências.