“Um dos maiores da história”, diz Dilma sobre Naná Vasconcelos

A presidenta Dilma Rousseff divulgou nota em que manifesta pesar e tristeza pela morte do percussionista Naná Vasconcelos, ocorrida na manhã de hoje (9) no Recife. Dilma disse que o artista foi “um dos maiores músicos da história brasileira” e que o país perde um “grande brasileiro”, mas ressaltou que o talento e a criatividade de Naná permanecem como “grande legado de nossa história”.

Naná Vasconcelos - Reprodução

O percussionista pernambucano, que lutava há sete meses contra um câncer de pulmão, não resistiu a uma parada respiratória e morreu às 7h39 desta quarta-feira (9), aos 71 anos. Naná estava internado no Hospital Unimed, no Recife, desde o dia 29 de fevereiro.

“Com seu talento único, Naná defendeu e difundiu as tradições da cultura brasileira. Seu engajamento social atestou a importância da música como incentivo à inclusão, à educação e à cultura”, afirmou a presidenta, em nota à imprensa. Segundo Dilma, a percussão do músico é “forte e original”. Dilma lembrou trabalho recente de Naná na composição da trilha sonora da animação brasileira O Menino e o Mundo, que concorreu ao Oscar deste ano.

Mesmo em seus últimos dias de vida no hospital, o percussionista Naná Vasconcelos não parou de trabalhar, e deixou diversas composições para um novo álbum que planejava lançar ainda em 2016.

Batuque e tambor

"Mesmo se eu morrer, não quero ninguém chorando, quero muito batuque, muito barulho, porque, se vocês fizerem silêncio, vou pensar que vocês estão dormindo e vou fazer como em casa, com minha esposa. Quando ela está dormindo, faço barulho para ela acordar. É a cigarra". Essa frase foi atribuída a Naná Vasconcelos pelo mestre Chacon Viana, da Nação do Maracatus Porto Rico, do bairro do Pina, Recife, que ouviu a brincadeira em uma reunião preparativa para o carnaval deste ano – o último de Naná. E assim foi atendido o desejo do artista: o tambor tocou e a saia rodou em frente à Assembleia Legislativa de Pernambuco, onde o corpo está sendo velado desde o início da tarde.

Naná jaz no centro do plenário da Assembleia, ladeado, todo o tempo, pela esposa e produtora Patrícia Vasconcelos e a filha Luz Morena, de 16 anos. Sobre o caixão, uma bandeira de Pernambuco – o músico nasceu no Recife – e uma do Santa Cruz, time de futebol pernambucano. Mais de uma dezena de coroas de flores colorem o espaço, e um estandarte do bloco de rua Galo da Madrugada guarda, do segundo andar, o velório do percussionista.

A família e os amigos usaram echarpes para homenagear Naná, uma peça que sempre fez parte de seu figurino. O próprio Naná vestia uma azul. Patrícia Vasconcelos e a filha permaneceram serenas, apesar da tristeza. “A gente foi muito feliz e vai ser muito difícil, mas a gente sabe que muita gente vai dividir essa dor. O mundo está triste pela partida material, mas a música vai ficar”, se consola a esposa Patrícia.

Luz Morena disse guardar as melhores lembranças do pai. E os melhores conselhos. O homem que seguiu seu sonho mundo afora, ao fazer música em vários países e com muitos parceiros de peso, não poderia desejar diferente ao destino de Luz. "Ele me chamou na UTI e disse para eu seguir meus sonhos", lembra a jovem, que pretende estudar design de moda no exterior. A outra filha, Jasmim Azul, mora nos Estados Unidos. A família não sabia se ela conseguiria chegar a tempo.

Além da echarpe, outra coisa que todos usavam era a palavra “humildade” para se referir ao artista. “Ele deixava claro que não tinha mestre ou melhor. O mestre estava no céu. E fez com que todas as nações tivessem uma só voz”, recorda Chacon. O maracatu do Pina, como dezenas de outros, tocava há 15 anos na abertura do carnaval do Recife, comandando por Naná Vasconcelos.