Câmara suspende obstrução e aprova uso da “pílula do câncer” 

Governo e oposição abriram mão do processo de obstrução para votarem o projeto que autoriza a produção e o uso da fosfoetanolamina sintética, conhecida como “pílula do câncer”, na noite desta terça-feira – 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. Após muitas negociações, os deputados chegaram a um acordo para aprovar a proposta, também defendida pela bancada feminina, que seleciona projetos prioritários para votação na Semana da Mulher. 

Câmara suspende obstrução e aprova uso da “pílula do câncer” - Agência Câmara

O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que a proposta interessa não apenas às mulheres, mas ao País todo.

Antes do acordo, os parlamentares chegaram a esvaziar a votação da urgência de um projeto de interesse da bancada feminina, a punição ao agressor que infringir ordens do juiz para proteger vítimas de violência doméstica .

“O tema das mulheres é relevante, mas devemos reiterar a posição de obstrução para que a gente possa ter um debate efetivo do tema principal do País: retirar a presidente Dilma do poder”, disse o deputado Mendonça Filho (DEM-PE). A posição foi criticada pelo líder da Rede, deputado Alessandro Molon (RJ). “Não há necessidade de pressionar o Supremo a nada”, disse.

A oposição quer pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para decidir sobre os recursos apresentados à decisão sobre o processo de impeachment, para que o Congresso inicie o debate sobre o pedido de abertura do processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff.

O governo, por outro lado, apelou à obstrução por ser contra dois projetos polêmicos incluídos na pauta: o que cancela o índice aplicado ao cálculo da dívida de estados e municípios e o aumento do investimento obrigatório do governo federal em saúde. Os dois projetos aumentam as despesas da União.

Pílula do câncer

A fosfoetanolamina é pesquisada pelo Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP), há cerca de 20 anos por meio de estudos conduzidos pelo professor aposentado da universidade Gilberto Orivaldo Chierice.

A substância imita um composto que existe no organismo, que sinaliza as células cancerosas para que o sistema imunológico as reconheça e as remova. Os resultados podem variar de acordo com o sistema imunológico de cada paciente, mas há vários relatos de casos de regressão agressiva da doença e até de cura.

A fosfoetanolamina vinha sendo distribuída de forma gratuita no campus da universidade, em São Carlos, mas, em 2014, a droga parou de ser entregue por causa de uma portaria determinando que substâncias experimentais tivessem todos os registros antes de serem disponibilizadas à população.

Sem a licença da Anvisa, essas substâncias passaram a ser entregues somente se determinadas pela Justiça por meio de liminares, que chegaram a ser suspensas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.