“A pior ditadura é a do Judiciário”, diz Marco Aurélio do STF

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello vê com indignação a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato e afirmou que a “pior ditadura é a ditadura do Judiciário”. O ministro disse que concorda com as investigações, mas salientou que “não se avança culturalmente debaixo de vara”.

Ministro Marco Aurélio de Melo STF

Para o ministro, o país está desprovido de segurança jurídica para a quadra delicada que atravessa. Ele aponta as condutas que “denotam falta de transparência do poder que deveria dar o exemplo”.

Segundo o ministro, o açodamento prejudica o papel a ser desempenhado pelo Judiciário no atual momento do país. Ele relatou o que viu em Congonhas na última sexta-feira (4), por conta do depoimento do ex-presidente Lula. Marco Aurélio desembarcou em Congonhas para compromissos em São Paulo. Segundo ele, o ato fora ilícito porque coerção pressupõe recusa a uma intimação prévia. “Até o regime de exceção observava a norma”, diz.

O ministro classificou de “justiçamento” a conduta de determinados setores. Ele também repeliu o argumento do juiz Sérgio Moro e da força-tarefa da Lava Jato de que a condução coercitiva se dera para proteger o ex-presidente. "Eu, como cidadão, não gostaria de ser protegido dessa maneira", afirma.