Daniel Almeida: Notícia de um sequestro 

O Brasil amanheceu perplexo com o espetáculo armado por setores da oposição, do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal na madrugada de sexta-feira (4). À força, policiais levaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para depor em São Paulo. Em uma operação midiática, tentaram criar um fato que influencie negativamente a opinião pública, interferindo no processo político brasileiro para acelerar o golpe no país.

Por Daniel Almeida*  

Daniel Almeida: Notícia de um sequestro

Vários depoimentos foram prestados por Lula à PF. Ele nunca se negou a esclarecer dúvidas sobre suspeitas. O mandado de condução coercitiva determinado pela Justiça representa um sequestro, uma detenção arbitrária de um dos maiores líderes populares do Brasil, num enredo com muitas ilegalidades. Essa medida é adotada quando alguém é intimado a depor diante do juiz, mas não comparece, o que não é o caso do ex-presidente. Não foi enviada nenhuma intimação.

Nos bastidores da ação está a preocupação da direita com a possibilidade de Lula concorrer novamente à Presidência da República e vencer a disputa em 2018. Como não conseguem impor o projeto neoliberal já derrotado inúmeras vezes nas urnas (2002, 2006, 2010 e 2014), lançam mão de manobras para tentar descontruir a imagem dos principais ícones da esquerda. Paralelamente, a estratégia é impedir a governabilidade, não dando trégua ao governo da presidenta Dilma Rousseff.

Em 13 anos de gestão, Lula e Dilma fizeram muito pelo país, o que desagrada aqueles que querem o poder para favorecer interesses privados. Foram implantadas políticas públicas que garantiram ao Brasil sair do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Graças à política econômica, houve geração recorde de empregos no período: 20 milhões de novos postos formais de trabalho. O número é 25 vezes maior em comparação ao do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), quando apenas 800 mil empregos formais foram criados.

É hora de os movimentos sociais, setores populares e progressistas reagirem com indignação, força e ocuparem as ruas. Temos de defender energicamente esse legado social construído no Brasil. Não permitiremos que a democracia sucumba em nosso país. Se nos calarmos agora, toda história de conquistas sociais será perdida. Além de prestar solidariedade a Lula, é preciso lutar e vencer. Há um projeto de país em jogo. Mobilização máxima!