Em visita ao Chile, Dilma defende cooperação entre países 

Após se reunir com autoridades chilenas e brasileiras nesta sexta-feira (26), em Santiago (Chile), a presidenta Dilma Rousseff defendeu que Chile e Brasil trabalhem conjuntamente para superar desafios globais, sobretudo os relacionados à economia, desenvolvimento sustentável e acordos climáticos.

No Chile, Dilma defende cooperação entre países por maior desenvolvimento - Roberto Stuckert Filho/PR

“Mesmo porque num momento de crise, num momento de queda dos preços das commodities, de desaceleração de economias emergentes e de crise mais profunda, nós temos de cooperar, nós temos esse caminho que, sem dúvida, leva ao maior desenvolvimento econômico e à criação de emprego e mais renda para as nossas sociedades”.

A presidenta afirmou que os dois países continuarão atuando de forma coordenada nas decisões emanadas da COP-21, assim como na Agenda 2030 e nos objetivos de desenvolvimento sustentável. “Coincidimos na visão de que o mundo enfrenta desafios que só poderão ser superados com esforços coletivos, coordenados e muito cooperativos”.

Sobre o Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos entre Brasil e Chile (ACFI), assinado em novembro de 2015, Dilma reiteirou ser um passo decisivo na criação de um ambiente mais favorável aos investimento entre os países.

“Ao mesmo tempo nós estamos negociando um acordo de compras governamentais que, certamente, vão ajudar a dinamizar as nossas relações. Além disso, estamos também trabalhando numa proposta de Acordo de Serviços Financeiros, que complementará o acordo de facilitação dos investimentos”.

Infraestrutura

Em relações aos demais temas da agenda bilateral, Dilma pontuou que o foco são os projetos de infraestrutura, em especial os corredores bioceânicos, que farão a integração física da América do Sul, interligando os oceanos Atlântico e Pacífico.

A meta do governo é priorizar a rota rodoviária que ligará o porto de águas profundas em Iquique à cidade de Porto Murtinho(MS), no Brasil. Ao interligar Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, o corredor é uma alternativa estratégica para o escoamento da produção da região para os mercados asiáticos. Outro corredor em análise é o corredor POA-Coquimbo.

“Esse corredor {Iquique-Porto Murtinho} é estratégico porque vai permitir uma articulação inter-regional e vai nos colocar diante dos portos do Atlântico e do Pacífico, permitindo tanto o acesso aos mercados da Europa, da África e dos Estados Unidos, como também aos mercados asiáticos”.

Saúde, tecnologia e direitos humanos

A presidenta ainda destacou os acordos firmados nas áreas de tecnologia, cultura e saúde. Ela agradeceu a colaboração da presidente Bachelet em relação aos esforços do governo brasileiro no combate ao mosquito Aedes aegypti.

“Nós concordamos ser fundamental essa cooperação regional frente a esse desafio. Não só em relação ao vírus zika, mas também ao vírus da dengue e da chikungunya.”

Na área de tecnologia, a presidenta disse que a criação do Ministério de Ciência e Tecnologia do Chile vai contribuir para ampliar a cooperação no setor de ciência, tecnologia e inovação.

“Nessa área nós já identificamos várias oportunidades como as tecnologias de comunicação, de informação, a biotecnologia em fármacos, as energias renováveis, enfim, a prevenção e a mitigação de desastres naturais, a astronomia e astrofísica. Nosso ingresso no Observatório Europeu do Sul trará benefícios não somente para a indústria brasileira, mas também para a ciência e a educação no Brasil. E essa é uma cooperação com o Chile”.

Sobre a cooperação humanitária, Dilma falou sobre a importância do Memorando de Entendimento para o Intercâmbio de Documentos para Esclarecimento de Graves Violações aos Direitos Humanos, assinado no Brasil em 2014.

“É simbólico para a história de nossos países que o acordo tenha sido assinado por duas presidentes, nós que somos testemunhas vivas desse processo, como disse na ocasião a presidente Bachelet. Agradeço-lhe novamente, minha querida amiga Bachelet, pelas informações enviadas pelo Chile, que contribuíram para o relatório final da Comissão Nacional da Verdade”.

Olimpíadas

Dilma também aproveitou a oportunidade da visita oficial para reiterar o convite à presidenta Bachelet para acompanhar, em agosto, a abertura dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. “Também convidei o Chile a estabelecer uma Casa Nacional do Chile, no Rio de Janeiro. Desejo também muita sorte aos chilenos e às chilenas que vão participar dessa disputa e dessa cerimônia que, além de ser uma cerimônia esportiva, é uma comemoração sobre a paz”.

Reunião com empresários 

Ainda na sexta-feira (26), A presidenta Dilma Rousseff teve encontro com um grupo de empresários brasileiros em Santiago, no Chile. Segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro, o objetivo é estabelecer um diálogo mais estreito entre o setor produtivo e o governo.

“A mensagem principal [da reunião] é de que a presidente acha que esse processo de recuperação econômica do Brasil exige um diálogo mais estreito entre o setor produtivo e o governo. Sem as empresas, sem recuperar a confiança, o investimento não volta e disso depende a reanimação da atividade econômica”, assegurou.

Neste sábado (27), a presidenta Dilma Rousseff dá continuidade aos compromissos em Santiago, no Chile. Às 10h30, ela recebe o CEO da LATAM, Henrique Cueto. Em seguida, às 11h, a presidenta irá se reunir com o secretário-geral das empresas CMPC, Gonzalo García Balmaceda. Os encontros serão realizados no Hotel Sheraton.

À tarde, a partir das 15h, Dilma Rousseff realiza visita ao edifício-sede da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e se encontra com economistas que atuam no organismo internacional. Após a visita, Dilma embarca de volta para Brasília.