PF: Não há irregularidades em campanhas do PT feitas por Santana

A Polícia Federal (PF) concluiu que não foram encontradas irregularidades nos pagamentos do PT pelos serviços prestados pelo publicitário João Santana nas campanhas eleitorais da presidenta Dilma, do ex-presidente Lula e do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. O relatório foi citado pelo juiz federal Sérgio Moro ao deferir o pedido de prisão de Santana e de sua mulher, Mônica Moura na 23ª etapa da Operação Lava Jato ocorrida nesta segunda-feira (22).

João Santana - Foto: Patricia Stavis/Folhapress

De acordo com a PF, as suspeitas em relação ao publicitário e Mônica Moura são referentes a cerca de US$ 7,5 milhões que teriam sido recebidos pelos dois no exterior, por meio de uma empresa offshore que seria controlada pela empreiteira Odebrecht.

Não há indícios

“Os valores referentes aos pagamentos pelo préstimo de serviços de João Santana e Mônica Moura para as campanhas eleitorais de Luiz Inácio Lula da Silva (2006), Fernando Haddad (2012) e da atual presidenta da República Dilma Rousseff (2010 e 2014) totalizam R$ 171.552.185,00. Não há, e isto deve ser ressaltado, indícios de que tais pagamentos [das campanhas] estejam revestidos de ilegalidades”, concluíram os delegados.

No despacho no qual autorizou a prisão dos investigados na 23ª fase da Lava Jato, o juiz federal Sérgio Moro citou os valores do relatório da Polícia Federal e disse que, “ao que tudo indica”, os recursos foram declarados.

A empresa Odebrecht, alvo de investigação da Operação Lava Jato, confirmou, por meio de nota, que agentes da Polícia Federal realizam ações nos escritórios da companhia em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, visando ao cumprimento de mandados de busca e apreensão. Informou ainda que “está à disposição das autoridades para colaborar com a operação em andamento”.

Defesa de Santana

A defesa do publicitário João Santana e de Mônica Moura informou ao juiz federal Sérgio Moro que, embora eles não tenham recebido a informação oficial sobre a existência ou não de mandados de prisão, eles vão se entregar à Polícia Federal assim que desembarcarem no Brasil. Eles estão na República Dominicana e devem chegar nas próximas horas.

A nota também negou que o casal tenham desistido de embarcar em voo que chegaria hoje ao Brasil, conforme divulgado por veículos de imprensa. “O referido bilhete aéreo foi emitido pela agência de viagens há mais de uma semana por engano, tanto que foi cancelado no mesmo dia”.

O advogado também pediu que sejam tomadas todas as medidas pelas autoridades para que a chegada dos dois ao país “não se transforme em um odioso espetáculo público”.

Não há relação com o PT

O presidente do PT, Rui Falcão, também falou nesta segunda-feira (22) com a imprensa que o pedido de prisão temporária do publicitário João Santana não tem relação com o partido. "Não posso falar pelo João Santana. Digo que todas as nossas doações de campanha são feitas legalmente, através de transações bancárias e a Justiça Eleitoral recebeu todas as nossas doações, que foram muito semelhantes em valores de doadores às campanhas do PSDB”, acrescentou o presidente do PT, após apresenta à imprensa o programa partidário que será veiculado nesta terça-feira (23) em cadeia nacional de TV.

Rui Falcão disse ainda que o partido não tem marqueteiro e que apenas “contrata as pessoas para fazer os programas”. Sobre as acusações a João Santana, Falcão disse que “quem acusa tem que provar”.