Aos 80 anos, Tempos Modernos é cada vez mais atual

Lançado em 5 de fevereiro de 1936, o filme Tempos Modernos, obra prima de Charles Chaplin, usa o humor para criticar a exploração do trabalhador na linha de produção e chega aos 80 atual e falando para a nossa época.

Por Carolina Maria Ruy*

Tempos modernos - Divulgação

Na década de 1930 a produção em série industrial era a imagem da modernidade. Essa associação já está desgastada e hoje a linha de produção, que exige do operário movimentos repetitivos, não é mais símbolo de progresso.

A ironia de Charles Chaplin, entretanto, com sua personagem que repete por inércia os movimentos do trabalho, é ainda, após 80 anos de sua criação, exemplo da alienação e da exploração impostas aos trabalhadores.

Em Tempos Modernos Chaplin satiriza a linha de produção do sistema fordista. Um clássico do tema do trabalho, o filme se passa no período imediatamente posterior à depressão econômica de 1929, decorrente da quebra da Bolsa de Nova Iorque, que desorganizou profundamente a indústria nos EUA. Nele a “modernidade” figurada na sociedade industrial, na linha de montagem e na especialização do trabalho, é alvo da crítica.

Embora o cinema falado já existisse há nove anos, o cineasta insistia em realizar filmes mudos – Tempos Modernos foi o último deles. Demorou três anos para ficar pronto (entre 1933 e 1936) e seu pano de fundo é o desemprego e a miséria galopantes.

O tema do filme é a vida numa sociedade capitalista moderna, industrial, e os males decorrentes da concentração da riqueza, por um lado, e das formas alienadas e alienantes do trabalho sob o fordismo, onde a máquina e os processos de produção dominam o operário e impõem-se a ele. Horário de alimentação, movimentos exigidos pela produção, o tempo livre do operário, tudo isto deve obedecer à lógica capitalista representada pela máquina.

Tempos Modernos é uma crítica pungente e eficiente da modernidade capitalista. Quando lançado, em 5 de fevereiro de 1936, chegou a dar prejuízo. Mas, ao longo da história, consolidou-se como um dos principais filmes jamais produzidos.