Há cinco anos o bloco Tô No Vermelho colore as ruas de São Paulo

Já virou tradição: na quinta-feira pré-carnaval é dia do bloco Tô No Vermelho ocupar as ruas da capital paulista e levar alegria para o público paulistano. E nesta quinta-feira (4) não foi diferente, o bloco que saiu do Largo do Arouche e seguiu até a Praça Roosevelt fez bonito na avenida e colocou o galinho para dançar.

Por Mariana Serafini e Railidia Carvalho

Bloco Tô No Vermelho - Vandré Fernandes

Neste ano o bloco criado por militantes do PCdoB completou cinco anos e sem dúvida com a maior festa realizada até então. A concentração começou às 18 horas e quando o bloco saiu, por volta das 20 horas, já estava mais que colorido com gente de toda raça e toda crença acompanhando o trio elétrico comandado pelo grupo Foliões da Paulicéia.

Com bom humor e uma dose certeira de ironia, todos os anos o bloco faz uma sátira sobre algum episódio político. Desta vez o tema foi “Vai pra Cuba”, com a marchinha ironizando a histeria coletiva da classe média brasileira que xinga a esquerda aos quatro ventos, batendo panelas em suas “varandas gourmet”.

Railídia Carvalho, Arthur Tirone e Vandré Fernandes foram os mestres de cerimônia do bloco, que desfilou pelo centro embalado por marchas-rancho e marchinhas clássicas. A organização ficou por conta do Comitê Municipal do PCdoB de São Paulo com a coordenação de Rovilson Portela, Ana Flávia Marx, Adriana Novaga e Alexandre Prestes, em parceria com o gabinete do vereador Jamil Murad (PCdoB).

Na marcha do bom-humor

Quem passou neste dia pelo Largo do Arouche, no centro de São Paulo, se deparou com um mar de camisas vermelhas. No peito estampas de Che Guevara, Fidel Castro e bandeiras de Cuba; na ponta dos dedos, charuto. O grupo musical cantava “vamos dançar rumba a noite inteira, amor. Encher a cara de mojito”.

O que era intolerância virou tiração de sarro. O bloco aproveitou a frase preferida dos coxinhas paulistas “Vai pra Cuba” e transformou em tema do carnaval. Apelar para a brincadeira, inspirados em temas atuais, tem sido a fórmula das marchinhas do bloco, que tem entre os compositores dois campeões do carnaval das escolas de samba do grupo A de São Paulo, o sambista Maurinho de Jesus e o compositor Grego.

Amor, revolução, complexo de vira-latas, rolezinho, a falta de água em São Paulo e a intolerância política inspiraram as letras das marchas desde 2012. Neste ano, a cutucada bem-humorada foi no “doutor” e na “madame” que foram, amorosamente, convidados a passear em Cuba que seria “muito melhor que fazer compras em Miami”, segundo a marcha de Vandré Fernandes, Grego e Arthur Favela.

A dupla, aliás, assina quase todas as marchas do Tô no Vermelho. Em 2015 classificaram o governador tucano Geraldo Alckmin de “sinistro” e prometeram “sair no vermelho de sorvete de chuchu” mas só “se lá em casa tiver água”. No caminho inverso ao da mídia monopolista, o bloco desqualificou o complexo de vira-latas em 2014, torceu pela seleção brasileira e “chutou o pessimismo”.

A revolução “que faz o povo sambar” foi cantada em 2013 com a marchinha “Meu povo na rua é carnaval”, de autoria de Railídia, Maurinho de Jesus e Arthur Favela. Aqui também se faz a clássica declaração de carnaval “Saio sexta-feira e só na quarta eu vou voltar. Eu só quero festejar”.

Melhor se estiver acompanhado com a moça do “meu bem querer”, como diz a marcha de estreia do bloco em 2012 (Vandré Fernandes). Esse romance fez a “república ferver de tão quente. Pra esfriar só se chover”.

Ouça a marchinha "Vai pra Cuba":