Rei da manobra: Cunha engaveta pedido da PF de informações há 3 meses

Notório especialista em manobras, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), engavetou um pedido de informação feito pela Polícia Federal (PF) há mais de três meses. O ofício, encaminhado no dia 1º de outubro do ano passado, pede o envio do "nome dos parlamentares, assessores, além dos funcionários, que integraram a Comissão de Obras Irregulares (COI) entre 2011 e 2015, bem como os dados funcionais de todos".

Eduardo Cunha

A solicitação da PF faz parte de um dos desdobramentos da Operação Lava Jato e não está relacionado com a investigação feita contra Cunha, o que no caso dele é mais um indício de manobra.

O inquérito em questão visa apurar a suposta participação de membros do Comitê de Obras Irregulares do Congresso, que é ligado à Comissão Mista de Orçamento (CMO). Segundo a investigação, a suspeita é que empreiteiras tenham sido beneficiadas na listagem de obras irregulares, que é de atribuição da COI.

No início do ano, o jornal o Globo questionou Cunha sobre o ofício da PF e na ocasião o peemedebista teria dito que o pedido poderia ter sido "direcionado ou devolvido" e que a "competência não é nossa", uma vez que a CMO é um órgão colegiado da Câmara.

O inquérito em questão é o mesmo que apura a suposta participação do advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, em supostas irregularidades.