Bancos lucram por um lado, mas demitem pelo outro

A crise que afeta a economia brasileira, atingindo em cheio as forças produtivas, parece não abalar o setor financeiro. O Bradesco e o Santander anunciaram que 2015 foi um ano de aumento nos lucros. Juntos, tiveram ganhos de quase R$ 24 bilhões.  Para os trabalhadores, há pouco o comemorar. Segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), em parceria com o Dieese, as instituições financeiras do país fecharam mais de 10 mil postos no ano passado.   

Bancos demitem

O Bradesco anunciou nesta quinta (28) que seu lucro líquido cresceu para R$ 17,19 bilhões em 2015, um aumento de 14% em relação aos R$ 15,08 bilhões registrados no ano anterior. 

É o segundo maior lucro já registrado por um banco de capital aberto brasileiro, segundo dados da provedora de informações financeiras Economatica, ficando atrás somente do obtido pelo Itaú Unibanco em 2014 (R$ 20,2 bilhões).

Na quinta (28), o Santander já havia divulgado seu lucro referente ao ano de 2015, que, segundo a instituição financeira, aumentou 13,2% em relação a 2014. O valor chegou ao total de 6,624 bilhões. Foi o melhor desempenha do banco na América Latina.

Embalado pelas altíssimas taxas de juros do país – que fazem agonizar os setores produtivos -, o balanço financeiro positivo parece obtido às custas dos empregados, que convivem diariamente com a pressão e a ameaça de demissões.

O estudo da Contraf mostra ainda que que a rotatividade de mão de obra segue alta no setor: durante o ano, foram 29.889 admissões e 39.775 demissões. Esse processo também inclui redução de rendimentos: o salário médio de quem foi contratado (R$ 3.550,19) é 43,7% menor do que o dos demitidos (R$ 6.308,10).

Enquanto os bancos lucram com a Selic a 14,25% ao ano, os setores que de fato podem fazer a economia voltar crescer amargam resultados diferentes. Na quarta-feira (27), a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), por exemplo, informou que, em 2015, o setor industrial teve sua terceira queda anual consecutiva em faturamento.

O recuo foi de 14,5%, para R$ 84,873 bilhões. As exportações somaram US$ 8,03 e as importações, US$ 18,82 bilhões – quedas de 16,2% e 23,3%, respectivamente, em relação ao ano anterior.