Setor produtivo e movimento social elogiam diálogo com governo  

A primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado Conselhão, agradou do movimento social ao setor produtivo. Em entrevista ao Vermelho, Carina Vitral, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), e Luiz Moan, presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), elogiaram a reabertura do diálogo com o governo e a possibilidade de debater uma agenda para a retomada do crescimento. Ambos integram o órgão consultivo.

Reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social - Agência Brasil

Por Joana Rozowykwiat

“Foi extremamente positivo, o principal objetivo foi atingido, que foi reabrir o diálogo do governo com os diversos setores da sociedade”, disse Moan, logo após a reunião de reativação do conselho, nesta quinta (28). Ele destacou o fato de que o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, já deve formalizar na próxima semana um cronograma de ação e os grupos de trabalho que irão contribuir para a formulação de políticas públicas.

“A presidenta Dilma participou integralmente da reunião, falou da importância do conselho. E o ministro [da Fazenda] Nelson Barbosa também apresentou várias medidas, entre elas, destaco o refinanciamento dos financiamentos do BNDES. Porque alguns investidores acreditaram, colocaram recursos na produção e, de repente, se viram em meio à crise. O refinanciamento vai permitir a eles melhorar a pressão sobre o fluxo de caixa”, disse.

Em sua fala durante a reunião, Moan afirmou que é necessário “bom senso e despolitização para avançar no caminho do desenvolvimento”. Na conversa com o Vermelho, ele aprofundou a questão: “Hoje, parte da crise é por quebra de confiança, seja por parte de consumidores, seja por parte de investidores. E isso se deve a questões políticas. Precisamos pensar o Brasil sem politizações. O que for importante para reativar a economia, tem que ter o apoio de todos”, disse.

O presidente da Anfavea sublinhou a disposição dos conselheiros de superarem divergências para atuarem em prol de saídas para a crise. “Os oito conselheiros que falaram na reunião deixaram claro que estão pensando o Brasil, independentemente de filiação partidária, de posição individual, de divergências. Isso é muito positivo.”

Para Carina Vitral o mais importante na reativação do Conselhão é a sinalização de que o país está saindo do imobilismo. “É importante principalmente pela retomada da agenda política. O Brasil ficou paralisado diante da tentativa de golpe em curso no país e agora a gente consegue iniciar 2016 de forma mais proativa, de forma a discutir uma agenda política para o país, que pode ser avaliada pela sociedade civil, no conselho”, opinou.

A estudante elogiou o tom do discurso do novo ministro da Fazenda, que pode apontar para uma mudança no rumo adotado pelo governo. “O positivo é que agora ele [o novo ministro] fala mais em emprego e renda que só em contas públicas e ajuste fiscal. Apesar de ter defendido o ajuste, ele anunciou a retomada do crédito, fala em alguns impostos para que não se tenha só que diminuir gasto público, mas também seja possível aumentar a arrecadação. São algumas agendas positivas”, declarou.

Carina, contudo, mostrou-se preocupada com a reforma da Previdência, uma das medidas que o governo pretende discutir com os conselheiros. Segundo ela, o ministro apresentou a proposta de forma ainda abstrata, afirmou que a ideia é garantir direitos adquiridos e que é um tema que o órgão ainda precisará discutir. Em sua intervenção na reunião, Carina defendeu que “é de fundamental importância a continuidade das políticas sociais”.

Noventa e dois nomes compõem a nova formação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. O grupo, que conta com grandes empresários, representantes dos trabalhadores e de entidades da sociedade civil, é uma iniciativa do governo no sentido de resgatar o debate e a articulação política e econômica, ouvindo e propondo mudanças.