Cardozo: Percepção da corrupção cresceu porque governo não engaveta

Durante lançamento da nova etapa de consulta à população sobre a regulamentação do Marco Civil da Internet, nesta quarta-feira (27) em Brasília, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que a percepção do brasileiro sobre a corrupção piorou porque "o governo não age para acobertar, engavetar, esconder o tumor, mas para revelá-lo publicamente".

Cardozo

Comparando a corrupção com um tumor no corpo humano, o ministro afirmou que a descoberta de uma doença como o câncer pode mudar a impressão do paciente que, antes, julgava estar saudável.

"Às vezes, a pessoa acha que não estava doente antes. Aumenta-se a percepção da corrupção quando ela é investigada e combatida. Se eu não tenho a investigação, a sensação social é como se o tumor não existisse. É assim que eu interpreto a percepção do brasileiro sobre a corrupção", declarou.

Sobre a 22ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta, Cardozo disse: "É mais uma etapa determinada pelo Poder Judiciário. Eu não sei se já houve levantamento do sigilo relativo a essas decisões, portanto vou me abster de entrar em detalhes e comentar aquilo que ainda esteja em execução. O que posso afirmar que é uma decisão que a Polícia Federal está cumprindo fielmente, dentro do que foi determinado pelo Poder Judiciário".

Cardozo, no entanto, destacou o esforço do governo em punir as empresas envolvidas em escândalos de corrupção sem prejudicar a economia do país.

"O combate à corrupção é indispensável e o trabalho deve ser feito com autonomia. Por outro lado, a exemplo de todos os outros países do mundo, as investigações não podem atrapalhar a economia. Temos clareza que a sociedade jamais deve ser penalizada do ponto de vista econômico. Não é justo que a sociedade pague a conta pelos atos de alguns, que devem ser punidos", destacou.

E completou: "O governo tem posição clara para que se evite que essas empresas, que podem continuar atuando e podem ser importantes para a economia do país, tenham suas atividades atingidas", reforçou.

Marco Civil

Sobre o Marco Civil da Internet, o ministro também comparou a medida com o Código Civil Napoleônico, em termos de "importância para a humanidade".

"Acredito que o Marco Civil da Internet tenha para a humanidade uma importância próxima da que o Código Civil Napoleônico teve no século XIX. O Marco Civil da Internet suscitou ou uma discussão mundial e é referência para o mundo. As pessoas ainda não têm a dimensão do que será para a história essa lei, pela sua forma e o seu conteúdo", afirmou.

O ministério colocou em consulta pública a minuta de decreto que irá regulamentar o Marco Civil da Internet. A primeira fase de consulta recebeu mais de 60 mil visitas e cerca de 1.200 comentários. Com 20 artigos divididos em quatro capítulos, a minuta de decreto já está disponível no site do ministério. Na página criada para o debate do Marco Civil (marcocivil.mj.gov.br), os interessados poderão fazer contribuições ou sugerir alterações ao texto proposto, bem como concordar ou discordar das sugestões de outros participantes.