Dilma: Brasil não volta a crescer se América Latina não crescer junto

A presidenta Dilma Rousseff defendeu, nesta terça-feira (26), em Quito, no Equador, a integração econômica dos 33 países-membros da Celac como saída para a crise econômica atual. A declaração foi feita durante reunião com o presidente do país, Rafael Correa.

dilma acena no palacio - Agência Brasil

“Nós temos muita consciência de que o Brasil não retoma a sua capacidade de crescer (…) Sem o crescimento dos demais países da América Latina. Sem que os demais países da América Latina tenham também condições de se recuperar”, disse a presidenta, salientando que é fundamental construir uma cooperação entre os países neste momento de crise internacional. “Ela já é fundamental nos momentos em que todos nós crescíamos, agora ela é fundamental justamente porque nós sairemos dessa situação em conjunto.”

E acrescentou: “Conseguimos construir uma unidade em torno de alguns valores, como os valores democráticos, os valores da paz, o respeito aos direitos humanos, sobretudo de uma percepção – e acredito que o presidente Rafael Correa tem um grande papel nisso – de que a integração econômica é crucial para os nossos países, para as nossas economias”.

A presidenta também classificou como estratégicas as relações bilaterais e a cooperação entre o Brasil e Equador. “Ela [a cooperação] já é fundamental nos momentos em que todos nós crescíamos. Agora, ela é fundamental justamente porque nós sairemos dessa situação em conjunto”, declarou.

Dilma acrescentou que a recuperação econômica só será possível se todos os países tiverem condições de se adaptar aos novos desafios. “O Brasil não conseguirá restabelecer as suas condições sustentáveis de crescimento, nesse novo contexto internacional, sem o crescimento dos demais países da América Latina. Sem que os demais países da América Latina tenham também condições de se recuperar”.

Ao reconhecer os valores democráticos e o respeito aos direitos humanos adotados por todos os países da Celac, Dilma elogiou o presidente equatoriano pelo apoio ao combate à atuação de coiotes na migração ilegal de haitianos.

“Nós vivemos em um mundo em que a questão dos refugiados, daqueles que procuram uma outra pátria, tem sido objeto da perplexidade geral quando se vê um menino morrendo nas praias da Turquia. Diante disso, a ação levada a efeito aqui, no combate aos coiotes, para nós é uma demonstração da capacidade de agir de forma humanitária e, ao mesmo tempo, assegurar o acesso dos diferentes povos da América Latina, inclusive da África, aos nossos países”, pontuou.

Relações bilaterais

No encontro com o presidente equatoriano, Rafael Correa, a pauta foi o fortalecimento das relações comerciais com o objetivo de impulsionar as linhas de crédito brasileiro para o país. Temos como a ampliação do acesso de produtos equatorianos, como a banana, o camarão, ou o atum para o Brasil, também foram tratados.

Dilma, por sua vez, acertou com Correa medidas para fortalecer “os investimentos de empresas brasileiras no Equador, em especial em infraestrutura”.

A reunião também tratou do eixo multimodal Manta (Equador) – Manaus (Brasil), que seria uma via alternativa terrestre e fluvial em que o Brasil teria acesso para a costa do Pacífico, sem ter de passar pelo canal do Panamá.

Celac

Nesta quarta, Dilma participará, ao lado de outros chefes de Estado e de governo, da cúpula da Celac. Na reunião, a presidência do grupo será transferida do Equador para a República Dominicana. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o objetivo do encontro em Quito é estabelecer as diretrizes para a continuidade das atividades de articulação política, cooperação setorial e relacionamento externo da comunidade.