Ó, o festival de marchas-rancho

Há uma lenda, muitas vezes desmentida, de que São Paulo é o túmulo do samba. Não é. Mas, como se fosse preciso provar, nesta segunda feira (25, quando a capital paulista completou 462 anos), ocorreu o 2º Festival de Marcha-Rancho do Ó, organizado pela casa de música Ó do Borogodó, especializada em rodas de samba e gente bamba que funciona faz 15 anos, na Vila Madalena.

Por José Carlos Ruy

Ó do Borogodó - Divulgação

A “criadora” do festival é Stefânia Gola, dona da casa Ó do Borogodó. E que fez quase tudo – concepção, realização e produção. Apaixonada pelas expressões culturais de nosso povo, é a responsável por todos os projetos da casa.

Além do festival – cuja primeira versão, em 2015, não teve patrocínio (este ano, aos 45 do segundo tempo, a cerveja Amstel topou patrocinar) – ela toca o Bloco do Ó há 12 anos, tendo ou não apoio financeiro. Desde 2015, mais da metade do bloco sai com marcha-rancho e frevo-canção, com um andamento mais lento do que a maioria dos blocos da cidade. E nas noites de carnaval a casa abre as portas para os bailes de carnaval com sopros e marchinhas clássicas.

O Ó do borogodó lotou de gente no dia do festival. Foram lá para ouvir e ajudar a escolher as marchas-rancho de que mais gostaram. Não foi tarefa fácil escolher a melhor entre as dezoito concorrentes – algumas delas excepcionais.

A ideia do festival surgiu no ano passado com o objetivo de fortalecer um gênero visto como se estivesse em extinção. Felizmente não está – é só ouvir aquelas músicas. Algumas homenageiam a tradição, outras atualizam a irreverência das marchas de carnaval – e todas mexeram com quem teve a sorte de acompanhar o espetáculo.

Três venceram – era a regra. Em primeiro lugar, Aqui não!, de Paula Sanches e Paulinho Timor, defendida pela cantora Paula Sanches. Depois, a magnífica Rancho dos Ranchos, de Ildo Silva e Fernando Szegeri, que a apresentou; em terceiro lugar veio a Marcha do Manifesto Carnavalista, de Leandro Medina e Laura Ghellere, defendida pela cantora Fabiana Cozza.

Era a regra. Três tinham que ganhar. Todas mereciam, em especial a marcha Veja – de Fernando Szegeri e Danilo Medeiros – que fala ironicamente em uma velha dama, hoje decadente e mentirosa; foi defendida pela cantora Railídia Carvalho (que também é redatora do Vermelho). Votei nela. Ela recupera a mordacidade da crítica social, e da mídia, que acompanha a história das melhores marchas-rancho.

As marchas apresentadas foram:

1. Adeus meu Carnaval – Rodrigo Salles – Intérprete – Luna Pontes
2. Amor de Cinzas – Cássio Rodrigues – Intérprete – João Borba
3. Ah, o carnaval – José Vieira e Lello di Sarno – Intérprete – José Vieira
4. Aqui não! – Paulinho Timor e Paula Sanches – Intérprete – Paula Sanches
5. Bloco dos Atropelados da folia – Rodolfo Gomes – Interprete – Rodolfo Gomes
6. Boca da Noite – Nado, Lucas Laganaro e Carol – Intérprete – Carol Nascimento
7. Cantando na rua – Mauro Amorim e Geraldo Quevedo- Intérprete – Mauro Amorim
8. Dé, Tião, Maneco e Claudemir: eles são grandes, mas a gente é ruim – Douglas Germano e João Poleto – Intérprete – Juliana Amaral
9. Marcha do Manifesto Carnavalista – Leandro Medina e Laura Ghellere – Intérprete – Fabiana Cozza
10. Princesa amada (Meu amor) – Cesar Deleon e Barão di Sarno – Intéprete – César e Barão
11. Minimal – Guilherme Valverde – Intérprete – Juliana Valverde
12. Nem sempre foi assim – Leandro Dias e Jorge Andrade – Intérprete – Karina Ninni
13. Pierrô Kiumba – Renato Dias e Vitor 7 – Intérprete – Railídia
14. Rancho do Bem Querer – Bruno Ribeiro e Luiz Antonio Simas – Interprete – João Borba
15. Rancho dos Ranchos – Fernando Szegeri e Ildo Silva – Intérprete – Fernando Szegeri
16. Seres espontâneos – Fabrício Rosil – intérprete – Larissa, Fabrício, Edinho Silva e Fernanda
17. Super Homem da Vila – Trio Gato com fome – Interprete – Trio gato com fome
18. Veja – Fernando Szegeri e Danilo Medeiros – Intérprete – Railídia