A história de São Paulo passou por estes filmes

A cidade que não dorme, dos arranha-céus e casas antigas; avenidas amplas e pequenas ruas arborizadas; dos grandes shoppings centers e incontáveis feiras populares; da correria diária e tranquilidade dos bares à noite, esta São Paulo foi retratada em inúmeros filmes. O caderno cultural do Vermelho traz cinco, entre ficção e documentários, que retratam um pouco do que esta metrópole significa para o Brasil.

São Paulo S.A.

Esta obra de Luís Sérgio Person – o diretor que retratou a capital paulista como poucos – mostra, através da trajetória de Carlos (Walmor Chagas) a vida de quem chega ao coração financeiro e acaba engolido pela rotina de trabalho excessivo, normalmente compensado por um salário razoável.

A história passa na São Paulo do final dos anos 50, Carlos guia-se pelas chances imediatas que lhe são dadas pela sociedade, ingressa numa grande empresa. Depois aceita um cargo numa fábrica de auto-peças, da qual torna-se gerente. A certa altura se vê na pele de um chefe de família, que trabalha muito, ganha bem, mas vive insatisfeito. Sem projeto de vida ou perspectivas de se opor à condição que rejeita, só lhe resta fugir.

O Corintiano

Impossível pensar em cinema em São Paulo e não lembrar do icônico Mazzaropi. O Corintiano apresenta as peripécias de Manuel (interpretado por Mazzaropi), um torcedor completamente fanático pelo Corinthians. O barbeiro por profissão se envolve em uma confusão após a outra, com os vizinhos e com a família, devido à sua paixão pelo Timão.

Essa Rua Tão Augusta

Este curta retrata o cotidiano da Rua Augusta entre 1967 e 1969. É possível perceber que desde aquela época a região se destacava por ser considerada “moderna”, muito a frente de seu tempo. Pessoas que passeiam para olhar as vitrines, acompanhar as últimas tendências da moda, ou encontrar os amigos nos inúmeros bares e galerias que acolhem todos os estilos. Há, porém, um personagem, o artista Waldomiro de Deus que vende seus quadros com cristos de saias, assim como o próprio pintor, que usava saias. São pouco mais de sete minutos, mas que valem muito.

Em 2012 o programa A Liga, da TV Bandeirantes, gravou uma edição especial sobre a Rua Augusta. Vale o clique para perceber o que era, e o que se tornou. Mais agitada com certeza, mas a essência parece ser a mesma. A rua que acolhe os jovens de todos os gostos.

Entre Rios – a urbanização de São Paulo

Dirigido por Caio Silva Ferraz, o filme mostra o surgimento da Vila de São Paulo de Piratininga a partir da chegada dos jesuítas, que se instalaram entre o Rio Tamanduateí e o Ribeirão Anhangabaú, onde os indígenas já habitavam. O local foi escolhido por ser farto em água para consumo, de um lado, e de fácil acesso ao Rio Tietê, propício para navegação, do outro lado.

Com o passar dos anos, porém, os rios passaram a ser vistos como obstáculos para os projetos de expansão da cidade. Na década de 1920, a região recebeu aterro e foram criados os parques Anhangabaú e Dom Pedro II. A cidade se desenvolveu a partir de projetos de canalização de rios e córregos e abertura de avenidas, como as marginais Tietê e Pinheiros, com prioridade para o transporte de automóveis. As águas passaram a correr por baixo das grandes rodovias. Os impactos do modelo de desenvolvimento urbano são sentidos diariamente, seja no frequente congestionamento de veículos que trafegam pela cidade, seja nos alagamentos que tomam conta das ruas em dias de chuva, restando como desafio pensar soluções para o futuro da capital paulista.

Cidade Cinza

Há que se contestar esta fama de cidade cinza, afinal, basta um passeio curto para encher os olhos de cor com incontáveis grafites espalhadas em qualquer plataforma de concreto que possa servir de “tela” para os artistas urbanos. O documentário denuncia um projeto desenvolvido pela prefeitura de São Paulo cujo objetivo era iniciar uma política de limpeza urbana, onde os muros da cidade foram cobertos com tinta cinza a fim de apagar as intervenções artísticas. Artistas como OsGemeos, Nunca e Nina tiveram importantes obras destruídas e se uniram para refazê-las em um muro com 700 metros.

Bônus – filmes que se passam em São Paulo

A capital paulista não é só tema de grandes filmes e documentários, mas também o cenário de clássicos do cinema nacional e internacional. Selecionamos alguns dos filmes que se passam nos bairros e no centro da cidade.

Ensaio sobre a Cegueira

Escolhida como abertura do Festival de Cannes em 2008, a adaptação aos cinemas da obra de José Saramago "Ensaio Sobre a Cegueira" escolheu São Paulo como local de filmagem. O filme mostra como uma epidemia da cegueira afetaria o mundo. Dirigido por Fernando Meirelles, com Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga boa parte das tomadas são feitas no icônico Minhocão, hoje aberto aos domingos para a população.

Hoje eu quero voltar sozinho

Considerado um dos melhores filmes nacionais de 2014, Hoje eu quero voltar sozinho, de Daniel Ribeiro, conta a história de Leonardo, um adolescente cego que precisa lidar com a mãe superprotetora para conquistar sua independência e descobrir seus sentimentos por Gabriel, um colega de classe. Longe de mostrar a São Paulo óbvia das marginais e Avenida Paulista, o filme se passa no bairro de Pinheiros e mostra o lado tranquilo da cidade com suas ruas calmas e arborizadas e praças agradáveis.

Estômago

Gravado na capital paulista e premiado no Festival de Cinema do Rio de Janeiro de 2007, "Estômago", de Marcos Jorge, consegue dar água na boca e ao mesmo tempo saciar uma fome cultural e social do espectador, ao relatar a trajetória do cozinheiro nordestino Nonato, ao chegar em São Paulo.

O ano em que meus pais saíram de férias

Em 1970, em plena ditadura militar, Mauro, um garoto de 12 anos, precisa lidar com a ausência de seus pais e enfrentar uma nova realidade com o avô judeu no bairro do Bom Retiro. Em meio a tudo isso, o jovem, amante de futebol de botão, sonha com o Brasil ser campeão na Copa do Mundo de Futebol, no México. Dirigido por Cao Hamburger, com Paulo Autran, Caio Blat e Simone Spoladore.

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São Paulo – Sociedade Anônima