Spike Lee boicota o Oscar devido à ausência de negros na cerimônia

O diretor de cinema norte-americano Spike Lee anunciou nesta segunda-feira (18) que vai boicotar a cerimônia de entrega do Oscar porque não há nenhum ator negro entre os 20 concorrentes deste ano. O evento acontece no próximo dia 28 de fevereiro em Los Angeles, nos Estados Unidos.

Spike Lee - Divulgação

O comunicado do cineasta foi divulgado no mesmo dia em que os Estados Unidos lembram o nascimento de Martin Luther King, em um feriado nacional em homenagem líder da luta pelos direitos civis no país.

"Não podemos apoiar isso, e eu não quero desrespeitar os meus amigos, o apresentador Chris Rock, o produtor Reggie Hudlin, a presidente [Cheryl Boone] Isaacs e a Academia [de Artes e Ciências Cinematográficas]. Mas, como é possível, pelo segundo ano consecutivo, todos os 20 candidatos na categoria de ator serem brancos?”, questiona Spike Lee.

Para Lee, a dificuldade começa antes mesmo das escolhas na fase de pré-produção. “A batalha real está nos escritórios executivos dos estúdios de Hollywood, nas TVs e nas redes de televisão a cabo, porque são eles que têm o poder de realizar projetos”, diz o cineasta no comunicado. "É mais fácil para um afro-americano ser presidente dos Estados Unidos do que presidente de um estúdio de Hollywood", afirma Lee.

Spike Lee ganhou, em novembro do ano passado, um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra. Ele ficou conhecido e foi premiado pela produção de filmes independentes, como o documentário Quatro Pequenas Garotas e o longa metragem Malcom-X.

Espera-se que outros atores negros e personalidades apoiem a iniciativa de Spike Lee. Antes dele, a atriz Jada Pinkett Smith, mulher do ator Will Smith (ambos negros), já havia declarado nas redes sociais que não irá à cerimônia do Oscar e que repudia a falta de diversidade entre os indicados.