Dilma: Todo esforço do governo é para impedir a elevação do desemprego

A presidenta Dilma Rousseff se reuniu pela segunda vez este ano com jornalistas para um café da manhã nesta sexta-feira (15), no Palácio do Planalto. Ela apontou que a principal preocupação do governo é conter o desemprego e retomar o crescimento.

Dilma coletiva jornalistas 15012016

“Todo o esforço do governo é para impedir que tenhamos o nível [de desemprego] elevado. É a minha grande preocupação, é o que eu e meu governo olhamos todos os dias. […] A grande preocupação do governo é com essa questão”, afirmou a presidenta. Dados do IBGE, apontam que a taxa de desemprego ficou em 9% no trimestre encerrado em outubro de 2015.

A presidenta falou sobre a proposta de ampliação do crédito, destacando que os bancos estatais ficaram com grande liquidez após o governo quitar o que a grande imprensa chama de “pedaladas fiscais” até o dia 31 de dezembro. Ela também reafirmou que o governo não cometeu pedaladas nas contas. “Você não pode ser multado por não usar cinto de segurança se não há lei que determine o uso do cinto de segurança”, exemplificou. Ainda sobre as pedaladas, afirmou que “o governo não acha que errou”, exemplificou ela em referência à reprovação das contas do governo de 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

A presidenta reafirmou o compromisso com o equilíbrio fiscal para garantir a retomada do crescimento econômico. “Nós não vamos voltar aos subsídios da proporção de antes”, explicou Dilma, “mas é errado que muitas pessoas achem que a atual taxa de juros é subsídio, não é”. Ela também afirmou que o Banco Central tem autonomia para tomar suas decisões, mas que não é independente.

Dilma defendeu agilidade na aprovação da proposta de emenda à Constituição que recria a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). “Acho que é fundamental para o país sair mais rápido da crise aprovar a CPMF”, disse.

E completou: “Reequilibrar o Brasil em um quadro em que há queda da produtividade implica necessariamente, a não ser que nós façamos uma fala demagógica, em ampliar impostos. Estou me referindo à CPMF”.

Dilma argumentou que a CPMF é a solução mais viável do ponto de vista da arrecadação do governo, pois é de “baixa intensidade” e ao mesmo tempo “permite controle de evasão fiscal”. De acordo com a presidenta, o imposto também é o que menos impacta na inflação.

Os jornalistas voltaram a abordar o processo de análise do pedido de impeachment que tramita no Congresso Nacional. Dilma enfatizou que a Constituição não prevê o afastamento de um presidente por não simpatizar ou não gostar dele. A presidente salientou que tais manobras da oposição são golpistas.

“O impeachment tem uma repercussão política, o que significa [pôr em xeque] a estabilidade democrática do país. Não se pode achar que se tira um presidente porque não se simpatiza com ele ou achar que se tira um presidente porque não gosta dele”, disse ela, destacando que “isso não vale no presidencialismo”.

Vazamentos

Sobre os recentes vazamentos seletivos de supostos depoimentos de investigados na Operação Lava Jato, Dilma afirmou ser difícil comentar depoimentos em que não se sabe exatamente quem está falando e se realmente falou o que foi divulgado. Mas assegurou que responderia qualquer coisa que perguntassem sobre ela. E que enviaria até mesmo datas de reuniões do Conselho da Petrobras, caso necessário.

Dilma disse que as supostas denúncias “são repetições”. “Nos últimos dias têm havido denúncias. Essas denúncias são de vazamentos públicos. Eu não sei nem se as delações foram feitas ou não, se é delação de quem, vazamento de quem. Agora não tem nenhuma novidade nessa questão. Nenhuma”, afirmou.

E reforçou: “Nós responderemos, eu responderei qualquer coisa em quaisquer circunstâncias. Tem uma parte que é pública e notória, é repetição, não tem novidade nenhuma. E não é desse ano não. Há dois anos que corre por aí. Já teve até em CPI. Então, querem a informação, eu dou, não só o calhamaço feito, mas todas as atas do Conselho da Petrobras”.

Relação com o PMDB

A presidenta não relutou em falar de temas espinhosos como a relação com o seu vice Michel Temer (PMDB-SP), sendo a primeira vez que falou diretamente sobre o assunto depois da divulgação da carta em que o vice reclama por mais prestígio.

“Eu e meu governo temos toda consideração com o vice-presidente Temer. Inclusive, nós temos duas reuniões agendadas, uma para esta semana. […] Para nós, é importante que haja uma relação de absoluta responsabilidade e que seja fraterna”, disse.

Sobre a disputa política no PMDB, que tem o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), tentando arrastar a legenda para o golpismo, Dilma declarou que o Planalto não vai interferir em “questões internas” de partidos como o PMDB e o PT porque isso “não é certo isso nem democrático”. O PMDB realiza convenção nacional em março e vai eleger uma nova direção.

Questionada pelos jornalistas, Dilma também comentou as recentes manifestações contra o aumento da passagem em São Paulo, reprimidas por ações truculentas da Polícia Militar comandada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Para ela, a democracia é um princípio fundamental que deve ser sempre respeitado. “Não há nada de anormal nas manifestações, elas fazem parte da normalidade, temos que aprender a conviver com elas”, enfatizou.

Reforma da Previdência

Dilma reafirmou a importância do debate sobre a questão da Previdência e que não irão mexer em direito adquiridos. Ela também defendeu uma reforma gradual. “A reforma da Previdência tem de ser compreendida técnica e politicamente. Essa não é uma questão desse ou daquele governo e sequer pode ser politizada. Têm vários caminhos para o consenso. E um deles é o do fator previdenciário móvel, que pode ser incorporado à reforma”, enfatizou.