Virgílio e Madeira dizem que PSDB deve sair da barca furada do golpe

Com as derrotas na tentativa de golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff e com a ausência do discurso de impeachment junto ao povo, a oposição tucana tem dado sinais claros de divisão. Agora, com nomes tucanos aparecendo cada vez mais em citações de delatores da Lava Jato, tem liderança chiando com a estratégia de insistir em buscar o caminho do impeachment. Mas não se tratar de defesa da democracia, mas uma preocupação em ter que incluir mais uma derrota política na conta da legenda.

tucanos e o caos

De olho nas eleições deste ano, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), afirmou em artigo que o partido deveria abandonar a política do quanto pior melhor e buscar um diálogo responsável com o governo contra a crise. “Apostar no aprofundamento desse quadro consagraria o caos e prejudicaria, ainda mais, toda a população”, disse ele.

O prefeito tucano afirmou ainda que a oposição “peca quando não apresenta propostas concretas para tirar o Brasil da crise”. Segundo ele, o país “está paralisado”.

“Um entendimento nacional, que não envolva cargos nem adesistas, é inescapável. O Brasil não transitará, em normalidade, até 2018, no passo em que vai. E o caos somente pode interessar a quem não cultive a responsabilidade pública dentro de si”, declarou.

Outro a falar sobre a estratégia tucana foi o fundador do PSDB, o ex-deputado federal Arnaldo Madeira, que foi chefe da Casa Civil de Mario Covas e um dos coordenadores da campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG) em 2014. Ele advertiu que os tucanos devem desembarcar do golpe.

“O partido deve acompanhar, não se posicionar contra, mas também não mergulhar na ideia do impeachment. Até agora não houve nenhum fato forte que justificasse a saída de Dilma. O PSDB deveria ir mais devagar. Está com muita sede e paralisou as coisas para ficar em cima do impeachment”, constatou ele em entrevista à Folha de S. Paulo.

Para Madeira, o impeachment é “um abalo na estrutura política do país” e afirma que não vê a “a sociedade mobilizada pró-impeachment como vi na época do (ex-presidente) Fernando Collor”.

Disse também que o PSDB “ficou um bom tempo a reboque” do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), “confiando na ação dele e paralisado no debate do impeachment”. Ele também concorda que a sigla não tem propostas para a sair da crise. “O papel da sigla seria apontar os erros que o governo vem cometendo e indicar alternativas”, afirmou.

Questionado pelo jornalista se o PSDB se desconfigurou, Madeira afirmou: “O PSDB, na origem, tinha grandes lideranças nacionais que estavam no seu comando. Hoje cada líder regional indica seu representante na direção nacional, então o partido fica enfraquecido”.