MP aos donos da Vale: Quem está exaurida é a vítima desse desastre

Ainda tentando afastar sua responsabilidade no rompimento das duas barragens da Samarco, em Mariana, Minas Gerais, a maior mineradora do país, a Vale, levou um puxão de orelha do Ministério Público do estado, que reagiu, nesta sexta-feira (11), a uma nota publicada pela empresa, em que diz que “não se considera responsável” pelo rompimento da barragem, que matou pelo menos 16 pessoas, devastou a cidade e contaminou o Rio Doce.

Ropimento Barragem Mariana morador - Agência Brasil

Para não restar dúvidas, a Vale e a anglo-australiana BHP Billinton foram incluídas na ação, não só pelo fato de serem proprietárias da Samarco, já que cada uma detém 50% da mineradora, mas também porque o rejeito da mina de Alegria, em Ouro Preto (MG), distante 12 quilômetros de Mariana, também eram depositados na barragem de Fundão, que ruiu no início de novembro.

“A Samarco, Vale e BHP Billinton são responsáveis. A Vale e a Samarco jogavam os rejeitos na barragem de Fundão e, por isso, são responsáveis. E a BHP Billinton é também responsável por ter aferido lucros exorbitantes por causa das atividades de exploração do minério pela Samarco”, declarou o promotor de Justiça de Mariana (MG), Guilherme de Sá Meneghin.

O promotor ainda adverte a Vale: “Quem está exaurida é a vítima desse desastre, não a Samarco, que lucrou bilhões nos últimos anos”.

E completa: “As famílias é que estão exauridas. São as vítimas que estão no sufoco. Não a empresa (Samarco). Esses R$ 300 milhões bloqueados representam muito pouco no seu (da companhia) lucro”, disse o promotor.

As palavras de indignação do promotor vieram depois da nota divulgada pela Vale, nesta quinta-feira (10), criticando o bloqueio judicial de R$ 300 milhões da Samarco, pois, segundo a empresa, impede a mineradora de cumprir suas “obrigações”.

“Exaurir todos os recursos da Samarco só vai comprometer empregos, arrecadação de impostos e geração de divisas”, diz a nota da mineradora.

Não ficou só nisso. Além de tentar tirar o corpo fora, a Vale reforçou as críticas ao Ministério Público, dizendo que têm sido “precipitadas” as ações do órgão, já que, até o momento, as causas do desastre não foram esclarecidas.

Apesar disso, a nota afirma que a Vale “nunca deixou de contribuir, ser transparente e prestar auxílio para minimizar as consequências do evento”.