UFRJ revoga título honorário concedido ao ditador Médici

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revogou nesta quinta-feira (10) o título honorário concedido a Emilio Garrastazu Médici, no período em que foi presidente do Brasil (1969-1974), durante a ditadura militar. Sob aplausos, a decisão foi aprovada pelo Conselho Universitário na data em que se comemora o Dia Internacional da Declaração dos Direitos Humanos. 

UFRJ revoga título honorário concedido ao ex-presidente Médici

A revogação do título contou com apoio dos estudantes, que fizeram um ato, pintando suas roupas e rostos de vermelho e preto, para lembrar os assassinatos e desaparecimentos de pessoas ligadas à universidade. Entre eles, está o do estudante de enegenharia Mário Prata, que dá nome ao Diretório Central do Estudantes; de Stuart Angel, da faculdade de economia, e do professor Lincoln Bicalho Roque, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da universidade.

Segundo a relatora do processo na Comissão de Memória e Verdade na UFRJ, a professora Lilia Pougy, pelo menos 26 alunos ou professores morreram ou desapareceram somente sob a gestão de Médici.

"Nesta lista comparecem 20 homens e seis mulheres de variadas unidades acadêmicas e centros universitários de diferentes áreas que perderam a vida em razão do seu engajamento político na transformação da sociedade", afirmou Lilia. "[Eles] ousaram defender a democracia, a cidadania reagindo contra o árbitro do governo militar", completou.

Médici havia recebido o título honorário da UFRJ em 1972, quando ainda era presidente da República. No mesmo período, um ginásio da faculdade de educação física, sob a gestão da nadadora Maria Lenk, foi batizado com o nome do general. A homenagem também foi retirada esta semana.

Além da revogação que ocorreu na UFRJ, outras ações que retiram nomes de agentes da ditadura militar de locais públicos ocorrem em todo país.

Ações semelhantes 

Em São Paulo, um projeto da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania quer alterar os nomes de 22 vias de São Paulo que homenageiam pessoas vinculadas à repressão do regime militar (1964-1985). O programa recebeu o nome de "Ruas de Memória".  Entre as vias que poderão mudar de nome se o projeto for aprovado estão o Elevado Presidente Arthur Costa e Silva, mais conhecido como Minhocão, que leva o nome de um dos ex-presidente do Brasil durante o regime militar.
 
Rio de Janeiro 

Um projeto de lei elaborado em maio de 2013, chegou ao plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) em meados de setembro deste ano. A proposta dos deputados Paulo Ramos (Psol), Luiz Paulo (PSDB) e do ex-deputado Gilberto Palmares (PT) pede a substituição de nomes de prédios e ruas públicas que façam menção ao regime militar (1964-1985). O projeto de lei foi aprovado em primeira votação, com 47 votos a favor e 3 contra. Houve ainda uma abstenção.

Ditadura nunca mais 

No dia em que o golpe militar brasileiro completou 51 anos, dez escolas maranhenses que homenageavam personalidades que constam no Relatório Final da Comissão da Verdade como responsáveis por crimes de tortura durante o regime ditatorial terão modificadas suas nomenclaturas.

As escolas que tiveram nome modificado passaram por processo democrático de escolha dos novos nomes.