PCdoB defende luta contra golpe e retomada do crescimento

O Comitê Central do PCdoB se reúne neste fim de semana, na capital paulista, para avaliar o quadro político e tomar posição frente aos últimos acontecimentos, em especial à decisão do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de aceitar o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A reunião foi aberta pela presidenta nacional do partido, deputada federal (PE) Luciana Santos, na noite de sexta-feira (4).

Reunião do Comitê Central (4 a 6 de dezembro de 2015) - Foto: Inácio Carvalho

Ao iniciar sua intervenção, a presidenta Luciana Santos chamou atenção para o fato de que este ano de 2015 é palco do mais duro ataque à democracia desde o fim da ditadura em 1985. Para Luciana, “a escalada golpista se irrompeu para derrubar a presidenta Dilma Rousseff e ceifar as conquistas de um ciclo político do qual emergiu um projeto democrático e soberano de desenvolvimento, direcionado sobretudo para melhorar a vida do povo e reduzir as desigualdades sociais”.

Em sua análise, a dirigente nacional do PCdoB afirmou ainda que “os esforços de desestabilizar o Brasil fazem parte de um movimento maior, a marca principal deste momento é a luta para o estabelecimento de um novo equilíbrio na balança de poder mundial. As grandes potências operam em distintos tabuleiros para conter a consolidação de novos polos de poder, para cindir articulações que questionam sua hegemonia”.

Essa disputa mundial de poder se dá com a persistente crise do capitalismo. “O capitalismo continua vivendo um impasse, os indicadores de retomada do crescimento a nível internacional continuam em níveis muito baixos. Em seu oitavo ano consecutivo a crise não dá indicadores de melhoras. Neste cenário se fortalece a grande finança, fazendo com que alguns países adotem medidas que chocam com o desenvolvimento soberano”, afirmou Luciana Santos.

Os reflexos da crise no Brasil são inevitáveis. Na opinião de Luciana Santos, “após dez anos de prosperidade e uma inédita melhoria significativa na vida do povo, o país enfrenta grave e prolongada recessão que provoca pesados danos à economia e penaliza o povo e os trabalhadores. Ao contrário do que dissemina a grande mídia, a recessão é um fenômeno de múltiplas causas; não deriva, como ela espalha, de ‘culpa’ exclusiva do governo”.

A dirigente comunista faz uma aguda crítica à elite brasileira e seus representantes no Congresso Nacional ao mostrarem seu total desrespeito com as instituições democráticas e com a situação econômica do país. Para Luciana, “estes setores priorizam em essência os atalhos a 2018, priorizam o golpe, a ter que enfrentar os desafios da crise econômica que o país vive. A oposição espera arrastar a crise política para 2016 com objetivos claros, sangrar ainda mais o governo”.

Nestas circunstâncias Luciana analisa a decisão do presidente Eduardo Cunha de aceitar o pedido de impeachment da presidenta Dilma Roussef formulado pelos advogados Hélio Bicudo, Miguel Reali Jr e Janaína Pascoal. Para ela, “trata-se em essência mero revanchismo de Eduardo Cunha, e do interesse de Aécio Neves de encontrar atalhos para as eleições de 2018, o que não passa de uma tentativa de golpe”.

O pretexto dos autores do pedido são as chamadas “pedaladas fiscais” que teriam sido praticadas pela presidenta Dilma e rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União. Para a presidenta do PCdoB, “o interesse da oposição, em aliança com Eduardo Cunha, não é o de combater as pedaladas fiscais, mais sim o de levar o país ao caos institucional, ampliando as dificuldades para o estabelecimento de um entendimento nacional que leve o Brasil a superar a crise”.

Contra essa ação golpista Luciana conclama um vigoroso movimento contra o golpe e em defesa da democracia. Para ela, “o que está em jogo transcende a defesa do governo Dilma, é em essência a defesa do regime democrático, e da institucionalidade, conquistas que custaram vidas e anos de luta do povo brasileiro. Esta batalha só será ganha com o povo nas ruas. Neste momento ganha em importância o fortalecimento da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo, articulações amplas que agrupam distintas centrais sindicais, movimentos sociais, partidos políticos na defesa da democracia e da retomada do crescimento”.

Ao mesmo tempo em que conclama à luta contra o golpe, a presidenta nacional do PCdoB defende também a retomada do crescimento. Neste sentido destaca o lançamento do documento “Compromisso pelo Desenvolvimento”, que reuniu centrais sindicais e amplos setores do empresariado e da sociedade com o objetivo de construir uma nova agenda visando a retomada da produção, dos empregos e da melhoria de renda.

Para Luciana Santos “o Brasil pode criar as condições para superar a recessão e paulatinamente deflagrar uma segunda fase de crescimento e desenvolvimento, com valorização do trabalho e redução das desigualdades sociais. A primeira condição para isso é instaurar um mínimo de normalidade política e segurança para os agentes econômicos. A oposição neoliberal, irresponsavelmente, atua para manter a instabilidade e assim forçar o prolongamento da recessão”.

“A luta deve ser contra o golpe e pela retomada do crescimento”, conclui Luciana Santos.

O debate partidário teve início na sexta-feira (4) e se encerrará na tarde deste domingo (6). A resolução política do encontro será divulgada em breve.