Fernando Morais: Decisão de Cunha contrapõe golpistas e democratas
Para o jornalista e escritor Fernando Morais, a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de aceitar pedido de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff ajudará a delinear o cenário político, deixando claro quem está a favor e quem está contra a democracia. De acordo com ele, é preciso que as forças progressistas se unam para enfrentar a ofensiva da direita.
Publicado 03/12/2015 17:34
“Os argentinos têm um ditado que diz o seguinte: claras las cosas, oscuro el chocolate. O que significa? Que as coisas devem ser tratadas com clareza. A decisão de ontem vai ser um marco, que vai dividir a sociedade brasileira em quem é a favor da democracia e quem é a favor do golpe, quem é a favor de uma presidenta honrada e quem é a favor de um gângster”, afirmou, em conversa com o Portal Vermelho.
Segundo Morais, o que está em questão, desde o anúncio feito por Cunha, não é o governo Dilma ou o PT, mas a própria democracia, “o respeito à manifestação do povo nas urnas”. Nesse sentido, ele fez uma convocação, para que haja unidade para enfrentar a investida contra o governo eleito pelo povo.
“Todo mundo, mesmo quem tem algum tipo de oposição à Dilma, sobretudo no espectro da esquerda, nesse momento tem que se juntar para enfrentar a direita. Quando falo em direita, eu falo não só do Cunha, que esse é um batedor de carteira vulgar, mas estou falando da mídia, dos grandes interesses brasileiros e internacionais. Essas pessoas até hoje não engoliram que um governo progressista tenha vencido as eleições”, criticou, em coletiva sobre a Venezuela, no Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
De acordo com ele, é muito difícil que o impeachment seja levado adiante. “Dificilmente, eles conseguirão número para aprovar isso no plenário. E espero que a sociedade esteja de olho”, encerrou.