Promotoria suíça desiste de investigar contas em troca de multa

A Promotoria suíça desistiu de investigar as contas clandestinas do banco inglês HSBC naquele país, suspeitas de acolher recursos ilícitos, oriundos de sonegação fiscal, tráfico de armas e contrabando de pedras preciosas. Para encerrar as investigações do escândalo relativas a fraude fiscal e lavagem de dinheiro de cifras bilionárias, que ficou conhecido como Swissleaks, as autoridades suíças aceitaram o pagamento de multa de US$ 43 milhões.

HSBC da Suiça

De acordo com o correspondente internacional da Rede Brasil Atual, Flávio Aguiar, direto de Berlim, o caso envolve cerca de 100 mil contas de pessoas físicas de todo o mundo, sendo 8 mil brasileiros, e de outras 20 mil a 30 mil empresas, que movimentaram cerca de US$ 5 bilhões, em caso revelado pelo ex-funcionário do HSBC em Genebra Hervé Falciani. Cerca de US$ 180 milhões já foram identificados como de origem ilegal.

“Cômico se não fosse trágico”, diz Flávio Aguiar, acrescentando que o governo suíço vem se negando a cooperar com demais governos, como no caso da Índia, que procurou obter informações sobre seus cidadãos envolvidos no caso.

A Justiça suíça condenou ainda Falciani a cinco anos de prisão, por conta do vazamento dos dados sigilosos dos correntistas, em decisão que Aguiar classifica como “ridícula”. Falciani está na França e não pode ser extraditado porque tem cidadania francesa. “O denunciante vai para a cadeia e os corruptos ficam de mãos livres para manipular o seu dinheiro”, resume o correspondente.

Flávio Aguiar aponta ainda um contrassenso. Ele lembra que, de acordo com a ONG Transparência Internacional, a Suíça ocupa o quinto lugar entre os países menos corruptos do mundo. “Assim é fácil, basta não investigar e condenar quem denuncia”, comenta.