O Mundo do Trabalho no Cinema traz um apanhado de 149 filmes

O livro O Mundo do Trabalho no Cinema, da jornalista Carolina Maria Ruy, será lançado nesta terça-feira (24), na capital paulista. A Obra traz um apanhado de 148 filmes, documentários e animações cujo ponto em comum é a relação do ser humano com o mundo do trabalho.

Livro O mundo do trabalho no cinema - Divulgação

O livro traz resenhas de clássicos como O Encouraçado Potemkin e A Classe Operária Vai ao Paraíso, mas descobre aspectos inusitados em filmes como a animação Ratatouille e o ícone da luxúria O Diabo Veste Prada.

“Merecem atenção as dificuldades enfrentadas na travessia dos ratos e a consequente busca de sobrevivência”, escreve Carolina Maria Ruy à página 291. “A situação é análoga ao despejo e a migração”, assinala, para completar: “Em contrapartida, a trajetória do rato protagonista Remy mostra a ousadia e o ímpeto da juventude em buscar novos caminhos e tornar possível o impossível”.

Com 400 páginas, o livro contribui com a reflexão e o pensamento crítico e pode ser utilizado por educadores e professores tanto na formação sindical, quanto em outras dinâmicas de ensino.

Em textos rápidos que não pecam pela falta de profundidade, ao contrário, têm na reflexão abaixo da superfície visível um grande mérito, a autora conduz o leitor por lembranças de filmes vistos, outros perdidos e muitos somente agora apresentados. O traço de unidade se verifica na seleção e destaque, a cada resenha, da abordagem sobre as relações entre capital e trabalho, inserção e exclusão, riqueza e exploração nas películas analisadas.

Os clássicos todos lá estão – Tempos Modernos (Charles Chaplin, 1930), As Vinhas da Ira (John Ford, 1940), Ladrões de Bicicleta (Vittorio de Sica, 1948) e A Classe Operária Vai ao Paraíso (Elio Petri, 1971), entre outros -, mas o trabalho de fôlego de Carolina Maria Ruy inclui títulos que, à primeira vista, pouco ou nada têm a ver com o tema proposto.

Escolhas como as comédias M.A.S.H. (Robert Altman, 1970), A Vida de Brian (Terry Jones, 1979) e Sex and the City (Michael Patrick King, 2008) mescladas com os dramas O Poderoso Chefão 2 (Francis Ford Coppola, 1972), Taxi Driver (Martin Scorcese, 1976), Mississippi em Chamas (Alan Parker, 1988) e as presenças dos nacionais São Paulo Sociedade Anônima (Luís Sérgio Person, 1965), Eles não Usam Black-Tie (Leon Hirszman, 1981) e O Homem que Virou Suco (João Batista de Andrade, 1981) dão valor documental e, ao mesmo tempo, amplitude à obra.

“Com apresentação dos sindicalistas Miguel Torres, João Carlos Gonçalves (Juruna), e Milton Baptista de Souza (Cavalo), o livro conta com abertura de José Carlos Ruy e prefácio do professor Giovanni Alves, da Unesp.

“A disseminação das novas mídias permite que possamos nos reapropriar delas (as obras cinematográficas retratadas no livro) para promover exercícios de reflexão crítica sobre o drama humano da proletariedade exposto no cinema”, registra Giovanni. “Trabalho e cinema é um tema fundante (e fundamental) do cinema como experiência crítica capaz de nos redimir da barbárie social que aflige, hoje, a civilização do capital nos marcos do capitalismo global”.

Jornalista que atualmente coordena o Centro de Memória Sindical, Carolina Maria Ruy apresenta em O Mundo do Trabalho no Cinema uma edição atraente e em tudo ilustrada, repleta de pontos de entrada e mergulho para a leitura. Um trabalho para ter, consultar e pensar.