Em Minas, 42 barragens não têm estabilidade garantida

Ativistas dos comitês de bacias hidrográficas fizeram um alerta sobre situação das barragens das atividades mineradoras em Minas Gerais. De acordo com a Fundação Ambiental do Meio Ambiente, 42 barragens apresentam estabilidade não garantida por auditores. Elas estão nas bacias dos rios São Francisco, Piracicaba, Jaguari, Grande e das Velhas.

Barragens

Outro problema são barragens inativas, sem manutenção ou acompanhamento. Empreendimentos desse tipo foram identificados em, Igarapé, na Grande Belo Horizonte, com duas barragens e dois diques na área da mineradora Emicon. As estruturas são muito menores que a Barragem do Fundão, que rompeu em Mariana (MG), porém estão a cerca de dois quilômetros do Córrego do Queias, manancial que deságua no Sistema Rio Manso, que, por sua vez, abastece a RMBH.

A preocupação é consequência do rompimento da barragem de Fundão, que, segundo diretor da Samarco, responsável pela obra, despejou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos no meio ambiente, o suficiente para encher 24.800 piscinas olímpicas. A lama já chegou ao mar do Espírito Santo. O Corpo de Bombeiros resgatou 12 corpos, quatro ainda sem identificação. Outras 11 pessoas continuam desaparecidas.

Segundo o Professor do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Hernani Mota de Lima, as "barragens inativas devem ser desativadas, fechadas e descaracterizadas como barragens. O que não pode é deixar como está".

Sobre as estruturas da empresa Emicon, o magistrado afirmou ter conhecido o local em 2005 e na época o vertedouro da barragem estava trincado. "Tinha água aparecendo debaixo do talude. Se não foi feita nenhuma intervenção, a situação deve ter piorado", acrescentou. As informações são do Estado de Minas.

Na área das barragens, foram identificadas marcações com data de 2012, mas não havia funcionários para explicar a situação do monitoramento da estrutura. Em referência ao crescimento da vegetação nas paredes da barragem, o professor afirmou que devia "ter vegetação rasteira, muito menos árvores crescendo no corpo do barramento".

"As raízes podem aprofundar, ocasionar erosão, atravessar a camada impermeável da barragem, criando um canal para passagem de água ou rompendo o dreno. Com o vento, as árvores podem cair e aumentar a instabilidade", complementou.

Segundo o estudioso, esse e outros exemplos, além da tragédia em Mariana, mostram que é preciso investir mais em fiscalização de barragens. "As ações devem ser mais adequadas. Falta pessoal para ir a campo, faltam investimentos. E isso representa um risco muito grande para o meio ambiente e comunidades vizinhas a essas barragens", disse.