Filha de Malcolm X participa de Semana da Conciência Negra em SP

Pela primeira vez, o Brasil recebeu a ativista dos direitos humanos Malaak Shabazz. Ela é filha do lendário líder negro dos EUA, Malcolm X. Ela, que já atua há quase 30 anos na ONU, participou do Seminário Juventude Negra, que aconteceu, nesta quinta-feira (19), como parte da Semana da Consciência Negra, realizada pela Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo.

Malaak Shabazz

Malaak demostrou conhecer bem os problemas raciais vividos aqui no Brasil. A ativista lembrou o passado escravagista do país e os reflexos que essa herança possui na sociedade brasileira. Ela também falou da similaridade entre a chegada dos negros no Brasil e nos EUA e a importância que a diáspora negra tem na história e na cultura das nações da América.

“Nós entendemos o que significa esse ranço no Brasil que ficou por conta da escravidão. É importante ver o papel que a escravidão teve na construção dessa animosidade que existe. Muitas vezes pensamos que só nos EUA existem essas questões. É preciso entender o contexto que leva negros passarem por um caminho mais tortuoso na busca por melhores condições de vida.”

A visita da filha de Malcolm X vai até este sábado (21). Como era de se esperar, durante as várias atividades das quais tem participado em São Paulo, Malaak tem falado muito sobre a trajetória de seu pai, a importância que a militância dele teve para os afro-americanos e o símbolo no qual ele se tornou em todo o mundo, inclusive no Brasil, especialmente, o significado que é para os mais jovens ter um líder negro tão emblemático como exemplo, inspiração.

Mas, além disso, ela também participou de debates acerca da violência que afeta a população negra. Malaak demonstrou surpresa com a forma que as pessoas têm lidado com a questão do racismo, ainda tão presente, sem uma reação mais enfática, luta. “Meu pai costumava dizer que não importa se o negro é cristão, judeu ou muçulmano, quando ele sai na rua o branco o tacha como negro”, afirmou. Apesar disso, está contente com algumas melhorias que a população negra tem conseguido. A ativista lembrou o maior espaço para os afro-americanos nos EUA após a eleição de Barack Obama. “Com oportunidades, as pessoas podem se tornar o que quiserem: advogados, médicos…”

Embora o foco de boa parte das indagações do público que compareceu em grande quantidade em todos os eventos dos quais participou estivesse nas histórias sobre Malcolm X, Malaak fez questão de ressaltar o papel de sua mãe, Betty Shabazz, uma importante ativista dos direitos civis. “Veio muitas vezes ao Brasil. Criou seis filhas sem deixar de lado uma grande luta por uma sociedade livre do racismo, com oportunidades que os jovens negros tenham acesso à educação.”