Dilma: Universidades têm as cores de nosso povo porque temos cotas

A inclusão de toda a população negra e a capacidade de garantir oportunidades iguais é uma questão essencial para qualquer governo, declarou a presidenta Dilma Rousseff, nesta quinta-feira (19), em cerimônia alusiva ao Dia Nacional da Consciência Negra, que é comemorado em 20 de novembro.

Dilma Consciencia-Negra - Agência Brasil

Ressaltando que no último censo mais de 54% da população brasileira se declarou negra e descendente de negros, a presidenta elencou uma série de políticas públicas que têm sido desenvolvidas nos últimos anos e que têm contribuído para mudar a questão racial no país.

“Se hoje as universidades brasileiras começam a ter as cores de nosso povo, é porque temos a política de cotas, e temos também o Prouni e temos o Fies. É fundamental lembrar que, no Brasil, a pobreza sempre teve uma cor predominante. Sempre teve como predominante a cor negra. Por isso, os impactos positivos do Bolsa Família, do Minha Casa Minha Vida, da formação técnica para a população negra são maiores.”

Dilma afirmou que tanto as cotas nas universidades e nos institutos federais de educação, como as cotas no serviço público federal, fazem parte de um processo que não pode parar.

“É o processo de inclusão de toda a população negra, garantindo que todos tenham acesso às oportunidades que levarão à definição ao longo da sua trajetória de vida a ter aquilo que têm capacidade de conquistar”, disse.

Dilma dirigiu uma saudação especial às mulheres negras presentes à cerimônia, destacando a importância da Marcha das Mulheres Negras, realizada na quarta-feira (18), em Brasília. O ato, segundo ela, mostrou a força das mulheres negras, “sua capacidade de luta, sua dignidade e toda sua cultura”.

Apesar dos avanços até então conquistados, a presidenta disse que muito mais tem que ser feito. “Chegamos até aqui, mas asseguro a vocês que nesse meu mandato a igualdade de oportunidade de direitos a todos brasileiros e brasileiras, e aqui marcadamente aos negros e negras do meu país, continuará sendo nossa diretriz.”

Dilma afirmou que, por causa dos séculos em que houve escravidão no país, é necessário ter a consciência de que é necessário privilegiar aqueles que “permaneceram por séculos apartados ou até desconsiderados na divisão dos frutos da riqueza e do desenvolvimento”. Isso, segundo a presidenta, exige ações afirmativas e ações de resgate histórico.

Quilombolas

Dilma fez uma menção especial às comunidades quilombolas, pela sua importância em honrar o sonho da liberdade e a história de lutas das negras e negros brasileiros. Durante a cerimônia, foram entregues títulos definitivos de reconhecimento de domínio e contratos de concessão de direito real de uso às comunidades Lagoa dos Campinhos, em Amparo do São Francisco e Telha (SE); Serra da Guia, em Poço Redondo (SE); Conceição das Crioulas, em Salgueiro (PE); São José da Serra, em Valença (RJ); Cafundó, em Salto de Pirapora (SP); São Pedro, em Ibiraçu (ES); e Kalunga, nos municípios de Cavalcante, Teresinha de Goiás e Monte Alegre (GO).

“Alegra-me assinar os decretos de desapropriações de terra em favor das comunidades quilombolas, concluir o processo de legalização dessas terras. Com todos esses processos, mais famílias passarão a contar com a segurança de ter terra para viver, terra para produzir, terra para honrar e preservar suas tradições”, anunciou. Declarou ainda que o governo está empenhado em assegurar instrumentos para gerar mais inclusão produtiva e desenvolvimento nessas comunidades.