Evo Morales declara apoio ao candidato de Cristina na Argentina

O presidente da Bolívia, Evo Morales, falou nesta terça-feira (10) sobre sua esperança de que o candidato à presidência da Argentina apoiado por Cristina Kirchner, Daniel Scioli, ganhe as eleições. Isso porque, Evo acredita que o dirigente da Frente Para a Vitória representa a continuidade das mudanças populares e o fortalecimento da integração do continente.

Evo Morales e Daniel Scioli - Noticias Argentinas

Em entrevista ao jornal argentino Página 12, Evo confessou que o resultado do primeiro turno o surpreendeu porque, para ele, já era certo que a coalizão governista iria ganhar já no dia 25 de outubro.

“Mas agora temos o segundo turno e esperamos que Scioli ganhe para seguir com o processo de mudanças”, afirmou.

O segundo turno acontece no próximo dia 22 de novembro, quando os argentinos deverão decidir entre Daniel Scioli, da Frente Para a Vitória e Maurício Macri, da aliança de direita Cambiemos. A ofensiva midiática tem sido intensa contra a chapa governista.

Sobre a ofensiva regional da direita, Evo lamentou “a volta do acordo imperialista de tempos passados com seu modelo neoliberal, com seu instrumento econômico que é o Fundo Monetário Internacional”.

Evo alertou que “se não há presença militar como antes, agora há permanentes agressões de caráter político oculto, às vezes usando ONGs, algumas fundações, às vezes com agressões políticas ou ameaças, usando seus embaixadores e até agressões econômicas como ocorreu com os fundos abutres contra a Argentina”.

Recordou a ajuda fraternal que o ex-presidente Néstor Kirchner lhe enviou quando assumiu a presidência da Bolívia. “Me ajudou bastante em temas de gestão. Me acompanhou e veio várias vezes à Bolívia para me dar respaldo quando aconteciam agressões da direita. E com Cristina foi igual, resolvemos muitos problemas juntos. Tenho por ela muito respeito e muita admiração”.

Sobre o cenário político argentino, problematizou que, se o vencedor for o opositor de Scioli, não terá condições parlamentares para governar. “Espero que isto não seja interpretado como uma intromissão minha na política argentina, mas é a verdade e o povo argentino te que entender isso porque se não, haverá conflitos”.

Para Evo, com a eleição de Macri, quem perde é o povo argentino, não é nem o poder Executivo, nem o Legislativo, mas sim a população.

Uma nova Bolívia

Evo também falou sobre o cenário político de seu país durante a entrevista. Segundo ele, nos últimos dez anos de sua primeira eleição, “há uma nova Bolívia, uma Bolívia com seu próprio modelo”.

Explicou que não há somente uma democracia representativa, mas também participativa. “Não é uma democracia que termina com o direito de voto, não, é um debate permanente”.

“Temos uma economia baseada na ideia de que os recursos naturais devem ser dos povos sob a administração do Estado, uma economia também baseada na redistribuição da riqueza”, explicou.