Tributo pelos 15 anos da morte de David Capistrano Filho

O pernambucano David Capistrano da Costa Filho, militante comunista, ex-prefeito de Santos-SP, será lembrado por amigos e companheiros de luta no 15º aniversário de sua morte. O tributo ocorrerá na próxima terça-feira (10), às 19:30 horas, na Faculdade de Saúde Pública da USP, com a presença do presidente nacional do PT, Rui Falcão, entre outros convidados.

TRIBUTO PELOS 15 ANOS DA MORTE DE DAVID CAPISTRANO FILHO

David morreu em 10 de novembro de 2000, depois de sofrer por quase 10 anos com problemas hepáticos consequência dos tratamentos de quimioterapia contra leucemia que descobriu em 1982. Não suportou um transplante de fígado e morreu aos 52 anos.

O  jornalista Breno Altman escreveu sobre a trajetória de David Filho. “Faleceu jovem, mas teve tempo de deixar um vasto legado de experiências, histórias e ideias que, para sempre, será lembrado por seus amigos e companheiros.

Nascido no dia 7 de julho de 1948, veio de histórica família comunista. Sua mãe, Maria Augusta, hoje com 97 anos, desde muito jovem militou no PCB. Seu pai, também chamado David, era um lendário dirigente da organização e está entre os mortos e desaparecidos sob o tacão do regime militar.

David, o filho, desde a adolescência, em Recife, sua cidade natal, destacou-se como um dos mais talentosos e valentes militantes de sua geração. Participou do movimento secundarista e universitário.

Estudante da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde se formou, esteve sempre presente na primeira linha da resistência estudantil e popular contra a ditadura militar, várias vezes preso e torturado por seu ativismo e filiação ao Partido Comunista Brasileiro.

Depois de formado, mudou-se para São Paulo e se especializou em pediatria e saúde pública, rapidamente tornando-se um dos principais expoentes do movimento pela reforma sanitária.

Ao mesmo tempo, convertia-se no principal dirigente da reconstrução do PCB paulista, desempenhando a função de secretário político entre 1976 e 1983.

Rompeu com os comunistas e integrou, em 1986, o Partido dos Trabalhadores, que emergia como o principal instrumento da classe operária e do povo brasileiro durante a redemocratização.

Foi secretário de Saúde em Bauru (1983-1985) e Santos (1989-1992), cidade na qual seria eleito prefeito em 1992, sucedendo sua companheira de partido, Telma de Souza.

Sua participação foi decisiva para a formulação teórica do Sistema Único de Saúde e sua inclusão na Constituição de 1988, animando projetos, entidades e pessoas para dobrar o conservadorismo privatista no setor.

Sob seu comando, Santos transformou-se em uma das principais referências mundiais da luta contra a AIDS. Também se tornou a primeira cidade brasileira sem manicômios, impulsionando a reforma psiquiátrica e servindo de exemplo para outros países.

Membro do Diretório Nacional do PT por vários anos, contribuiu fortemente para debates e ações que levariam à consolidação da legenda como alternativa de poder.

Morreria dois anos antes da primeira vitória eleitoral do presidente Lula”.