Brasileiros são premiados em Fórum de Ciência e Inovação do Brics

A delegação brasileira que participou do I Fórum de Inovação Tecnológica da Juventude do BRICS e União Eurasiática fez bonito na Rússia. Os jovens cientistas e inovadores do país trouxeram para casa quatro prêmios. Primeiro colocado na categoria Tecnologia da Informação, Bruno Martin defende que inovar é fundamental para alavancar o desenvolvimento e permite “não só gerar divisas para a economia, mas também resolver problemas da sociedade”.

Delegação brasileira no Fórum de Ciência e Inovação do Bric

Realizado entre 29 e 31 de outubro em Moscou, o Fórum reuniu delegações de diversos países, em atividades de formação e apresentação de trabalhos nas áreas de ciência e inovação. Além de Martin, outros três jovens tiveram seus trabalhos reconhecidos: Thiago Brito (segundo lugar na categoria Energia), Fernanda Luccas (segundo lugar na categoria Agricultura) e Pedro Jatobá (segundo lugar na categoria Tecnologia da Informação).

Martin foi premiado pelo projeto Mapas Culturais, um software livre utilizado para mapeamento colaborativo e gestão da cultura. O sistema é alimentado tanto pelo poder público, que insere na plataforma informações sobre os equipamentos culturais, programações oficiais e editais, quanto pela comunidade, que se cadastra como agente de cultura e pode divulgar suas próprias ações.

Formado em ciência da computação, Martin é um entusiasta do software livre. “Buscamos levar ao evento ferramentas livres, para tentar pautar lá o debate da importância do software livre na construção de um modelo comum de cooperação entre os países do bloco”, destacou.

Ele avalia que as ferramentas de código aberto têm um grande papel a cumprir no debate sobre a inovação que busca a transformação. “Ao mesmo tempo em que a inovação é pautada muito por um discurso de mercado, no sentido econômico, a gente acha que há muitas inovações sociais que também podemos fazer. Uma inovação com um aspecto importante de transformação social. E o Software Livre tem um papel grande nisso. Gera produtos e conhecimentos abertos, que resolvem problemas da sociedade e podem ser apropriados, não geram dependência”, disse.

De acordo com ele, a participação no Fórum possibilitou construir uma rede de contatos, compartilhar conhecimentos, trocar ideias e aprender sobre a realidade de outros países. “Pudemos apresentar o projeto, mostrar que ele pode ser utilizado em outros lugares. Para um bloco que se propõe a colaborar, construir uma identidade, uma cooperação econômica, a ciência e a inovação são essenciais”, analisou.

A plataforma Mapas Culturais, "criada a muitas mãos" em um projeto financiado pelo Instituto TIM, hoje é utilizada ou está em fase de implementação pela Prefeitura de São Paulo, pelos governos do Rio Grande do Sul, do Ceará, do Tocantins, do Distrito Federal e pelo Ministério da Cultura.

“O MinC usa o projeto para implementar o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais e também uma demanda antiga da comunidade cultural, que é o Cadastro Nacional de Pontos de Cultura. Hoje ele é feito na nossa ferramenta, exercitando esse modelo, que é característica do software livre, de colaboração com a comunidade. A partir do momento em que a comunidade começa a usar, contribui com o desenvolvimento da ferramenta. Com isso, ela vai ganhando mais valor, agregando funcionalidades, abrindo possibilidades de uso”, explicou.

A delegação brasileira no Fórum foi liderada por Thomas de Toledo, professor universitário de Relações Internacionais especialista em Brics, e Tamara Naiz, representante da Associação Nacional de Pós Graduandos (ANPG). Ao site da ANPG, Toledo afirmou que o diferencial da delegação brasileira e dos trabalhos apresentados foi a inversão da lógica mercadológica imposta, reduzindo, desta forma, o impacto ambiental, econômico, garantindo assim, uma sociedade mais igualitária e justa.