Nassif critica FHC: Não tem medo do ridículo

O jornalista Luis Nassif escreveu nesta sexta-feira (30) em seu blog que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tem colaborado “para destruir sua reputação perante os observadores isentos da história”. Segundo Nassif, FHC “fala pelos cotovelos, sem observar nenhuma regra mínima de conduta que se espera de um ex”. Em entrevista nesta sexta (30) ao Estadão, FHC voltou a pedir a renúncia da presidenta Dilma Rousseff. Leia análise do jornalista:

Nassif critica FHC: Não tem medo do ridículo - Fotomontagem/Vermelho

Na grande crise de 2003, a imprensa foi atrás de todos os ex-presidentes. Três deles se comportaram como ex-presidentes, chamando a opinião pública à razão. Foram eles José Sarney, Itamar Franco e Fernando Collor de Mello. Independentemente de história e linha de pensamento, comportaram-se com a responsabilidade que se exige de um ex-presidente. O único carbonário foi FHC, pequeno, mesquinho.

Não parou por aí. Sua vida pós-presidência tem sido um exercício permanente de mesquinharia, agora, aproveitando-se de uma releitura oportunista da mídia sobre seu governo – meramente devido à necessidade de se criar um contraponto ao governo Lula.

FHC tem colaborado, de forma pertinaz, para destruir sua reputação perante os observadores isentos da história. Fala pelos cotovelos, sem observar nenhuma regra mínima de conduta que se espera de um ex.

Sua última obra prima é esse primor de lógica política:

Se Dilma não conseguir as reformas, também não conseguirá governar.

A saída que tem, então, é se oferecer para o altar de sacrifícios: se o Congresso der as reformas, ela ofereceria, em troca, seu cargo de presidente, renunciando.

Com esse gesto de desprendimento, ela recuperaria sua força política, diz esse gênio da análise política.

E de que serviria recuperar, sendo ex-presidente? Provavelmente para poder participar do chá das 5 na Academia Brasileira de Letras.

Não é fácil para aliados forçar interpretações sobre a era FHC. Ele poderia facilitar a vida dos amigos e aliados não se expondo tanto assim ao ridículo.

FHC ao Estadão

“Dilma deveria dizer que só renuncia se Congresso aprovar reformas”, sugere FHC

Na publicação do Estadão, “o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a presidenta Dilma Rousseff teria como melhor alternativa para a crise política propor um pacto pelo qual aceitaria renunciar ao mandato mediante a aprovação de reformas que dificilmente o Congresso e os partidos aceitariam fazer por conta própria, como melhorar os sistemas partidário-eleitoral e o previdenciário”.

“Ou ela assume e chama o país às falas, apresenta um caminho crível para o país e recupera a força para poder governar, ou então ela pelo menos deixa uma marca forte: ‘Eu saio se vocês aprovarem tal e tal coisa’, afirmou o ex-presidente tucano, em entrevista à Rádio Gaúcha, do Grupo RBS.”

Segundo o jornal, “há pelo menos dois meses, FHC tem defendido publicamente a renúncia como um ‘gesto de grandeza’ para Dilma. Logo após as manifestações contra o governo e o PT de 16 de agosto: ‘Se a própria presidente não for capaz do gesto de grandeza ­ renúncia ou a voz franca de que errou, e sabe apontar os caminhos da recuperação nacional, assistiremos à desarticulação crescente do governo e do Congresso, a golpes de Lava Jato. Até que algum líder com força moral diga, como o fez Ulysses Guimarães, com a Constituição na mão, ao Collor: você pensa que é presidente, mas já não é mais’”.