Há 95 anos sem John Reed

Jornalista e poeta, a vida pitoresca de escritor revolucionário John Reed terminou na Rússia, mas fez dele um herói de uma geração de intelectuais de esquerda. Reed foi amigo de Lênin e testemunha da Revolução de Outubro de 1917. Registou os acontecimentos históricos no seu famoso livro Os dez dias que abalaram o mundo (1919).

Por António José André, no Esquerda.net

John Reed - Divulgação

John Silas Reed nasceu em Portland, nos EUA, em 22 de outubro de 1887, numa família abastada e socialmente ativa. No colégio, fez parte da equipe de natação e do grupo de teatro. Depois de se licenciar na Universidade de Harvard (1910), viajou pela Europa. De regresso, trabalhou como jornalista nas revistas New Review e The Masses.

Em 1913, publicou o seu primeiro livro Sangar, uma coleção de poemas. Foi preso ao discursar para trabalhadores grevistas, em Paterson (Nova Jersey). Reed passou 4 dias na prisão, escrevendo O Espetáculo da Greve de Paterson, que foi encenado no Madison Square Garden, em benefício dos trabalhadores.

De 1911 a 1914, John Reed esteve no México a fazer reportagens sobre a Revolução Mexicana para as revistas Metropolitan e New York World. Reed passou quatro meses com o general Pancho Villa e as suas tropas, vivendo e descrevendo a luta revolucionária em México insurgente (1914).

Durante a 1º Guerra Mundial, Reed trabalhou como correspondente de guerra. Muitas das suas reportagens foram rejeitadas devido às suas simpatias políticas. Reportagens sobre a guerra na Alemanha, Sérvia, Romênia, Bulgária e Rússia foram reunidas no livro A Guerra na Europa Oriental (1916).

Reed foi um dos repórteres mais bem pagos dos Estados Unidos, mas a ideia de viajar para a Rússia para fazer a cobertura da Revolução não foi bem recebida. No entanto, conseguiu o apoio da The Masses e foi para São Petersburgo. Reuniu-se várias vezes com Lênin a quem mostrou os originais do livro Dez dias que abalaram o mundo.

Reed planejou sair da Rússia pela Letônia, mas era impossível atravessar as linhas entre o exército branco e o Exército Vermelho, de modo que teve de fazê-lo pela Finlândia. Essa aventura terminou em Turku a bordo de um navio. Reed foi preso por contrabando, sendo libertado em junho e regressando a São Petersburgo, através da Estônia. Em Moscou foi eleito para o Comité Executivo do Internacional Comunista.

No seu famoso livro, Reed focou um momento crucial da história, quando Lênin pressionou os bolcheviques a tomar o poder. Operários, camponeses, soldados e marinheiros assaltaram o Palácio de Inverno. Trotsky anunciou a derrocada do governo provisório. As forças contra-revolucionárias ameaçaram Moscou. Reed relatou discussões, detalhou as maquinações políticas e especulou sobre os motivos pessoais.

Nos Estados Unidos, John Reed colaborou com a Voz do Trabalho (1919), editada pela The New Communist. Participou no Congresso do Partido Socialista da América, em Chicago. Depois tornou-se líder do Partido Comunista do Trabalho.