Haitiano pode ter sido morto por crime de ódio em SC

No último fim de semana, a cidade de Navegantes, a 100 km da capital de Santa Catarina, Florianópolis, foi palco de um crime de ódio. O haitiano Fetiere Sterlin, de 33 anos, foi morto ao ser atacado por um grupo de 10 pessoas. A vítima chegou a ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros, mas morreu após várias paradas respiratórias a caminho do hospital. Sterlin teve ferimentos no braço, peito, abdômen, rosto e costas.

Haitiano é agredido até a morte por grupo de pessoas em Santa Catarina. - Foto: Reprodução/Facebook

A Polícia Civil investiga o caso como suposto crime de ódio, mas segundo o delegado que estava de plantão, o boletim de ocorrência foi registrado como latrocínio, mas a hipótese mais forte é crime de ódio. “Na verdade, teria começado com isso e depois se tornou latrocínio. Já ouvimos algumas testemunhas e no decorrer da investigação vamos apurar a motivação”, explica o delegado Rodrigo Coronha.

As testemunhas do caso contam que Sterlin, sua mulher, que é brasileira, e mais quatro amigos haitianos estavam indo a uma festa no bairro Nossa Senhora das Graças quando foram ameaçados por um grupo de adolescentes. Eles passavam pela rua de bicicleta e gritava palavrões contra os haitianos. Mas cinco minutos depois, voltaram, agora em maior número e carregavam pás, facas e barras de ferro e partiram para cima dos haitianos. Um amigo de Sterlin também ficou ferido durante o ataque, mas passa bem. Os demais conseguiram escapar das agressões.

Para a esposa Vanessa, o crime foi totalmente xenofóbico. Conforme ela, Sterlin não tinha desavenças e sequer conhecia as pessoas que o agrediram. Ela explica que o marido era muito tranquilo e trabalhava como isolador naval em um estaleiro da cidade. Os dois se conheceram há dois anos e, desde então, estavam morando juntos.

“Ele era muito correto, nunca teve uma discussão. Mas é muito comum eles (haitianos) serem ofendidos na rua, só que nunca chegou a esse ponto. Queremos que essas pessoas sejam presas”, disse.

O diretor da Associação de Haitianos de Navegantes, João Edson Fagundes, disse que uma ocorrência grave como esta nunca foi registrada na cidade, onde cerca de 250 haitianos estão residindo.

O sepultamento do corpo de Sterlin ainda não tem data prevista. Como a vítima não era casada oficialmente, apenas um parente de primeiro grau pode fazer a liberação do corpo no Instituto Médico Legal.