Governo anuncia campanha anti-xenofobia e verba para refugiados

No momento em que aumenta a chegada de estrangeiros ao país, o Ministério da Justiça divulgou, nesta terça (13)  uma campanha online para combater casos de xenofobia, intolerância e preconceito. O foco da ação é conscientizar a população sobre o fato de o Brasil ter sido construído com forte participação de migrantes. A pasta também anunciou a destinação de R$ 15 milhões como recurso extraordinário para fortalecimento das políticas de assistência a refugiados.

Campanha anti-xenofobia

Sob o slogan "Brasil, a imigração está no nosso sangue", a campanha do governo trabalha a ideia se que os migrantes que chegaram ao país em diferentes épocas fazem parte da história, da formação, da identidade e da cultura do país. 

Para levar adiante esta ideia, o governo vai usar as hashtags #EuTambémSouImigrante e #XenofobiaNãoCombina. “O objetivo é o enfrentamento à xenofobia, ao preconceito, ao ódio e ao racismo, para, além disso, trazer a cosciência da nossa identidade, da nossa história, construída, forjada em fluxos migratórios”, afirma o secretário Nacional de Justiça e presidente do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), Beto Vasconcelos.

A campanha também disponibiliza um hotsite para a população criar uma peça personalizada. Os motivos da iniciativa podem ser anexados a uma foto do participante pelo endereço eutambemsouimigrante.com.br.

Essa é a segunda campanha lançada pelo governo neste semestre em relação a refugiados. Na primeira etapa da campanha, o conceito trabalhado foi o de que o Brasil é uma oportunidade de se viver. Na ocasião, a divulgação nas redes sociais foi feita a partir da hashtag #CompartilheHumanidade. Segundo o secretário, essas medidas são uma forma de reforçar o compromisso do Brasil com a ONU sobre políticas para refugiados.

"Manifestações de xenofobia são pontuais. Nós acreditamos que se dão por falta de informação. Por isso essa campanha tem por objetivo informar e aí sensibilizar as pessoas sobre a inadequação, o quanto é desprezível manifestações de xenofobia, de preconceito ou de ódio", diz Vasconcelos.

Mais recursos

O crédito extraordinário para o fortalecimento das políticas de asssitência aos migrantes consta de medida provisória publicada no Diário Oficial da União de sexta-feira (9) e foi detalhado nesta terça, durante entrevista coletiva no Ministério da Justiça. Os recursos serão destinados a ações para ampliar a rede de abrigamento, assistência jurídica, social e psicológica, além de aulas de português e auxílio na inserção no mercado de trabalho.

“O recurso orçamentário que nós estamos implementando, cujo objeto a presidenta aprovou, tem o intuito a construção de uma rede, o fortalecimento de uma rede pública de assistência e acolhimento de refugiados e imigrantes. Além de acolhimento, nós temos por intuito também fazer a integração deles. A primeira barreira é uma barreira de língua, ou seja, a adaptação à língua portuguesa, e a segunda, a inserção ao mercado de trabalho, a inserção à cultura brasileira”, afirmou Beto Vasconcelos.

Segundo ele, o mundo está diante da pior crise humanitária desde a 2º Guerra Mundial e tem buscado soluções inovadoras. "A comunidade internacional tem buscado medidas para atender o drama humano que estamos vivendo. O Brasil tem colaborado com medidas protagonistas no cenário mundial, como a prorrogação da flexibilização de vistos para sírios", ressaltou.

De acordo com o secretário, os recursos serão investidos por meio de parcerias com estados, municípios, órgãos públicos, organizações da sociedade civil, entidades e organismos internacionais.

Vasconcelos citou que o Brasil reconhece 8.530 refugiados. Os dados começaram a ser compilados em 1997, incluindo pessoas que ingressaram no país antes desse ano. Desses, 2.097 são de nacionalidade síria, 1.480 angolanos, 1.093 colombianos e aproximadamente 850 congoleses.

No mundo, 60 milhões tiveram de deixar suas casas e 20 milhões foram forçados a deixar seus países, escapando de conflitos armados ou perseguições por raça, religião, grupo social, opinião política ou nacionalidade.