Mensagem racista é encontrada no Mackenzie: Lugar de negro não é aqui

Mais uma ação racista foi realizada em uma instituição de ensino superior em São Paulo, desta vez, na universidade Presbiteriana Mackenzie. Estudantes encontraram na noite desta terça-feira (6), um recado escrito na parede do banheiro do prédio 3 do campus Higienópolis, com os dizeres: “Lugar de negro não é no Mackenzie, é no presídio”.

Mensagem racista é encontrada no Mackenzie: Lugar de preto não é aqui

A direção da Faculdade de Direito emitiu um comunicado de repúdio à declaração encontrada no banheiro da instituição de ensino.

“Nossa história de ampliação de liberdades e construção de oportunidades nos impõe a reafirmação permanente do nosso compromisso com a defesa dos Direitos e Garantias Individuais e Coletivos, com o bem-estar do nosso povo e o repúdio a atos discriminatórios de quaisquer natureza”, afirma o Professor Dr. José Francisco Siqueira Neto, que assinou a nota.

A nota também afirma que o caso será investigado.

Tamires Sampaio, primeira pessoa negra a assumir a diretoria do Centro Acadêmico do curso de Direito da Mackenzie e também diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), emitiu uma declaração em sua página do Facebook, onde rechaça as atitudes racistas na universidade. Leia abaixo a integra da postagem:

Lugar de racista não é no Mackenzie, é no presídio. Tamires Sampaio

Novamente um recado covarde, escrito nas paredes, dessa vez foi no banheiro do Prédio 3, que é o prédio dos Estudantes de Direito dos últimos semestres, dentro do campus do Mackenzie.

É difícil pra mim, como estudante negra, desse mesmo prédio, escrever sobre essa imagem, por que ela é a representação do pensamento racista que eu sei que passa na cabeça de muitos que permeiam pelo Mack.

O negro foi historicamente segregado no Brasil, desde a abolição da escravidão, fomos sistematicamente jogados para as periferias; nossos costumes, religião, luta, lazer, tudo que vinha de nós foi criminalizado. Foi determinado um papel e um lugar para o negro, e coitado do que tentasse ultrapassar o limite que nos foi colocado.

Esse processo histórico tornou o racismo estrutural e institucional. Não é à toa que vivemos um genocídio da população negra no nosso país. A carne mais barata do mercado e a mais marcada pelo Estado é a negra.

Acontece que o país mudou, houve uma transformação social grande, os negros passaram a ter acesso a espaços de formação e de poder que historicamente nos foi negado. E isso incomoda os que foram historicamente privilegiados. Muitos não se conformam em ter que dividir os espaços conosco.

Volto novamente a dizer: podem chorar e escrever nas paredes quantas vezes quiser elite, branca, racista, mas vai ter preto na universidade sim!

Nosso lugar é nas melhores universidades do país, nos melhores empregos, nos espaços de formulação e de poder.

No Mackenzie vai ter professor negro, funcionários negros, aluno negros diretores negros, reitores e presidentes de Centro Acadêmico negros sim!

Aqui existimos e resistimos