Bresser-Pereira: “Não faz o menor sentido” falar em impeachment

O economista Luiz Carlos Bresser-Pereira afirmou, nesta terça-feira (22), que é preciso respeitar a presidenta Dilma Rousseff, que foi eleita democraticamente. Segundo ele, “não faz o menor sentido” falar em tirar o mandato da governante.

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Para Bresser-Pereira, ex-ministro de José Sarney e de Fernando Henrique Cardoso, não há razões para o impeachment, tão desejado pela oposição. “A gente faz impeachment de Collor. A gente faz impeachment de gente que cometeu um crime, e todo mundo sabe que cometeu”, avaliou.

De acordo com o economista, baixa popularidade ou apenas o fato de discordar da forma de governar da presidente não é motivo para um afastamento. Para ele, Dilma “é uma mulher digna e respeitável. E a democracia vale, ela foi eleita”.

O ex-ministro declarou estar convencido de que não haverá impeachment. “O Brasil é uma democracia consolidada, de forma que teremos juízo nesse ponto.” Bresser participou do evento Café & Diálogo, da consultoria de recrutamento de executivos Stato, que discutiu “A ética e o Brasil”.

Ao falar sobre a atual conjuntura, ele avaliou que a crise brasileira é moral, econômica e política. “Qual a natureza real da crise brasileira? Posso pensar que é moral, econômica e política. Diria que é de tudo um pouco. Mas gostaria de defender uma tese: não temos realmente uma crise moral”, afirmou Bresser-Pereira.

“O que aconteceu é que se descobriu uma corrupção de alta intensidade na Petrobras, envolvendo políticos e empresas. Mas essa corrupção é velha, sabemos que sempre existiu no Brasil inteiro. De repente, o Estado acaba com a ideia de impunidade para classes dominantes e começa a processar e colocar na cadeia as pessoas. Isso é uma crise moral. Temos é um problema ético sendo resolvido agora pelo Poder Judiciário – que, então, causa uma crise política.”

Em relação à crise econômica, o ex-ministro situou os problemas brasileiros no contexto internacional. “É uma crise cíclica do capitalismo, que teve como causa fundamental a queda violenta nos preços das commodities que o Brasil exporta – especialmente o minério de ferro e a soja.” Outros fatores para as turbulências seriam a crise na Petrobras e a dívida que a população acumulou nos últimos anos, com aumento da renda e de crédito.